Copa do Mundo terá pouco impacto na economia brasileira, diz Moody’s

A tese de que a Copa do Mundo não irá gerar grandes benefícios à economia brasileira ganhou um reforço. A Moody’s, agência de classificação de risco de crédito, divulgou um relatório na última segunda-feira (31) no qual afirma que o evento terá um efeito “muito pequeno” no Brasil, restrito a alguns setores, como comidas e bebidas, viagens, hospedagem, aluguel de carros, construção, transmissão por emissoras de TV e publicidade.

“Havia a esperança de que a Copa do Mundo pudesse amenizar a desaceleração da economia do Brasil, mas a atividade econômica recente é pouca diante da economia de US$ 2,2 trilhões do país, do nível de investimento habitual e das receitas anuais da maioria das companhias”, disse Barbara Mattos, vice-presidente e analista sênior da agência, no relatório. “O evento de 32 dias vai prover aumentos de curto prazo em vendas, e os prejuízos associados ao tráfego, à aglomeração de pessoas e aos dias de trabalho perdidos terão efeito negativo sobre os negócios”.

Do lado dos gastos, os R$ 26 bilhões (US$ 11 bilhões) de estádios, aeroportos e obras de mobilidade urbana correspondem a somente 0,7% do total que será investido no Brasil entre 2010 e 2014, segundo o relatório. Invepar, Andrade Gutierrez, OAS e Mendes Junior são construtoras e engenharias que já se beneficiaram substancialmente.

Quanto a cidades e estados, a Moody’s estimou que os gastos relacionados à Copa do Mundo ficaram entre 0,24% e 12,75% da receita fiscal total estimada em 2014 em cada um dos casos. Não são suficientes, portanto, na avaliação dos analistas, para mudar muito o orçamento desses órgãos públicos ou afetar a credibilidade deles em longo prazo.

O real ganho, segundo a analista, é midiático. Cada jogo da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, teve a audiência de 188,4 milhões de pessoas, tendo 1 bilhão de indivíduos assistido a pelo menos uma parte do torneio, nas contas da Moody’s. Quem ganha são marcas que vão aparecer durante as partidas, como Coca-Cola, Adidas, Ambev e Oi.

Mas há riscos. “Enquanto a Copa oferece benefícios em reputação, a imagem do Brasil pode se deteriorar se houver uma reprise do movimento social que foi visto em junho passado, às vesperas da Copa das Confederações”.

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