Copa vivencia drama do futebol do Brasil

Você chega às imediações do estádio mais de duas horas antes de o jogo começar, mas fica parado em uma imensa fila de carros imóveis e não tem alternativa. Quando a velocidade dos carros diminui, surgem os primeiros flanelinhas, que se oferecem para tomar conta de veículos estacionados na rua e trabalham diante do olhar permissivo de policiais militares. Nas entradas, muita aglomeração, filas totalmente desordenadas e cambistas anunciando venda de entradas para praticamente todos os setores. Dentro da arena, comércio ambulante, telão quebrado e lugares vazios. O cenário descreve perfeitamente uma partida de futebol no Brasil, mas foi visto na estreia da seleção nacional na Copa do Mundo de 2010, contra a Coreia do Norte, em Johanesburgo. Sede da competição, a África do Sul não conseguiu solucionar problemas de gestão que atormentam o país pentacampeão. A despeito de a Copa do Mundo ser organizada pela Fifa, autoridades da cidade que sedia o jogo assumem a segurança e o direcionamento do tr”nsito no perímetro externo do estádio. Policiais militares, oficiais de tr”nsito e guarda montada fecham ruas, indicam os melhores caminhos e fiscalizam o entorno. O número de carros em direção ao estádio é enorme. Com ruas fechadas e alguns dos veículos tentando estacionar, o tr”nsito começa a ficar progressivamente mais lento até atingir a parada total. O tr”nsito é reflexo de um problema que aflige África do Sul e Brasil: a falta de transporte público. Não há alternativa para ir aos estádios sem usar um carro ou van. Com todos os torcedores disputando os mesmos caminhos, o entupimento soa até natural. No estádio Ellis Park, onde o Brasil encarou a Coreia do Norte, surge um personagem que não havia encontrado espaço em eventos do Soccer City. Ao contrário da arena que abrigou a abertura da Copa, situada em uma área aberta e com muitas vagas de estacionamento, o palco da estreia canarinho comporta um número pequeno de veículos. Isso mobilizou um grande número de guardadores de carros na última terça-feira. Após rechaçar as propostas dos flanelinhas, donos de abordagens muito similares às dos brasileiros, o desafio é entrar no estádio. Os portões visualizados tinham filas e aglomerações de público. Durante a espera, cambistas abordavam o público livremente. Outro fator que contribuiu para o surgimento de um novo personagem na história foi o frio. O jogo entre Brasil e Coreia do Norte foi disputado com temperatura próxima de 0º, mas os bares dos estádios só comercializam bebidas geladas da Coca-Cola. A solução foi um ambulante percorrer as arcadas do Ellis Park vendendo café (ao contrário do futebol pentacampeão, esse senhor não chegou a andar entre as arquibancadas). O interior do estádio ainda teve um problema com um dos telões. Os dois funcionavam normalmente no início da transmissão, mas o aparato situado à esquerda das cabines de transmissão parou de funcionar antes de o jogo começar. A imagem não foi reestabelecida. Talvez pelo tr”nsito, pelos problemas de gestão ou simplesmente pelo frio, o fato é que a estreia do Brasil também teve muitos lugares que não foram preenchidos. Os maiores clarões no Ellis Park, que comporta 55.686 espectadores e teve 54.331 pessoas, foram vistos em camarotes e na tribuna de honra.

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