Corte em orçamento põe Paralimpíada em risco

Vista do Parque Olímpico, palco também da Paralimpíada

Um corte radical no orçamento põe em risco os Jogos Paralímpicos do Rio, marcados para começar em 7 de setembro.

“Nunca antes na história de 56 anos da Paralimpíada enfrentamos circunstâncias como esta”, disse Philip Craven, presidente do CPI (Comitê Paralímpico Internacional).

Os cortes anunciados para os Jogos Paralímpicos vão afetar o número de empregados, as opções de transporte e o uso mais racional de instalações esportivas. Segundo os organizadores, o número de eventos não será alterado.

A esgrima em cadeira de rodas, por exemplo, foi reprogramada de Deodoro para o Parque Olímpico. O anúncio desta sexta-feira (dia 19) é o ápice da crescente tensão entre o Comitê Organizador Rio 2016 e o CPI (Comitê Paralímpico Internacional). Algumas verbas destinadas a viagens de delegações, uma obrigação assumida por todas as cidades candidatas, ainda não foram liberadas, o que pode inviabilizar a vinda de algumas representações.

“Hoje, temos cerca de dez países que, mesmo que o subsídio seja pago, podem não conseguir viajar para os Jogos”, preocupa-se Craven. “Queremos que todos os países filiados possam enviar seus atletas. É o que os competidores merecem depois de anos de treinos e dedicação”, criticou o dirigente.

Uma delegação, porém, já tem ausência certa: a da Rússia, suspensa pelo CPI por conta do doping sistemático de atletas.

“As vendas de ingressos e os patrocínios ficaram abaixo de nossas expectativas”, contou Mario Andrada, diretor executivo de Comunicações do Comitê Rio 2016.

Até esta semana, apenas 12% dos ingressos disponibilizados para os Jogos Paralímpicos tinham sido vendidos. Em maio, em Lausanne, na Suíça, o Comitê Rio 2016 havia divulgado que 25% dos bilhetes tinham sido comercializados.

Para justificar o novo número, Andrada afirmou que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, havia se comprometido a comprar 500 mil ingressos e distribuí-los a funcionários públicos, estudantes e ONGs. A promessa, porém, não foi cumprida pela prefeitura.

“A Justiça Eleitoral impediu a compra de ingressos. Por isso, os bilhetes foram devolvidos e houve a diminuição do número”, justificou Andrada.

Para piorar, o evento não atraiu os patrocinadores. Até essa semana, apenas 28 empresas haviam entrado na competição, menos da metade dos apoiadores dos Jogos Olímpicos. Na quinta-feira, o presidente interino Michel Temer visitou o Parque Olímpico e prometeu a liberação de R$ 250 milhões para a realização do evento.

Outra forma de financiamento seria contando com uma ajuda do COI (Comitê Olímpico Internacional). O CPI e o COI iniciaram cooperação em 2000 e intensificaram sua relação a partir de Pequim 2008. As duas organizações têm acordo de parceria ao menos até 2032. Neste ciclo olímpico, COI desembolsou US$ 1,5 bilhão para a organização dos Jogos do Rio 2016.

A iniciativa, porém, é rejeitada por Craven. “Fui questionado várias vezes: ‘Por que o COI não entrou em cena com dinheiro para salvar os problemas financeiros da Paralimpíada?’ Olha, os Jogos Paralímpicos são nossos, e não do COI. Se temos problemas, nós é que precisamos resolvê-los”, afirmou o dirigente. 

Sair da versão mobile