Data e vivência moldam Marta no Santos

O Corinthians precisou ceder parte de seus ganhos com patrocínios periféricos (Grupo Sílvio Santos e Hypermarcas) para viabilizar a contratação de Ronaldo. O Flamengo só fechou com Adriano porque a Olympikus custeou a operação. No Santos, a diretoria resolveu buscar uma via diferente para contratar a meia-atacante Marta, que reforçará seu time feminino até o fim da atual temporada. Em vez de se aliar a empresas, a equipe do litoral paulista vai pagar a conta. E com isso, a expectativa é ter mais do que ganhos técnicos na negociação. Aos 23 anos, Marta foi eleita a melhor jogadora de futebol feminino do mundo pela Fifa nas últimas três temporadas. Além disso, conquistou duas medalhas de prata em Jogos Olímpicos (2004, em Atenas, e 2008, em Pequim) e foi vice-campeã mundial com a seleção brasileira em 2007, na China. Atualmente ela defende o Los Angeles Sol, que disputa a liga profissional da modalidade nos Estados Unidos. O projeto do Santos para Marta está estruturado em dois fatores: o calendário do futebol feminino no Brasil e a experiência. O primeiro aspecto é fundamental porque o contrato com a jogadora tem apenas três meses de duração, durante o recesso norte-americano. Esse período corresponde aos três últimos meses da temporada 2009, quando acontecerão a Copa do Brasil (equivalente ao Campeonato Brasileiro) e a primeira edição da Libertadores (torneio continental feminino, que terá o Brasil como sede). Marta chegará ao Brasil em um período propício para o Santos usar sua imagem, e ainda virá escolada por experiências anteriores. No caso dela, a vivência é de um fator positivo. Afinal, a jogadora protagoniza uma série de ações do Los Angeles Sol para a venda de produtos oficiais e até para incentivar o turismo à cidade. O clube alvinegro ainda aposta no passado por ter um exemplo que não deu certo. Cristiane, atacante que também defende a seleção brasileira, teve uma passagem pelo Corinthians no ano passado. Não foi um sucesso do ponto de vista técnico, tampouco como produto. ?A contratação da Marta foi feita mediante um projeto de marketing que vai ser colocado em prática quando ela estiver aqui. Nós vamos atuar em duas frentes: maximizá-la como produto e alavancar o futebol feminino como um todo?, relatou Alex Fernandes, supervisor de marketing do Santos. Como todas as despesas da contratação de Marta sairão dos cofres do Santos, a meta do clube é transformar a jogadora em um produto lucrativo no curto prazo. ?Vamos trabalhar isso com produtos e serviços. Podemos ter camisas, miniaturas, escolinhas de futebol ou um acerto com uma rede de cabeleireiros, por exemplo?, completou Fernandes. Além disso, Marta será um chamariz para o time feminino do Santos. A equipe alvinegra não tem um patrocínio máster em seu uniforme atualmente, mas a diretoria espera preencher o espaço até o fim da próxima semana. ?A Marta está habituada a esse tipo de uso da imagem, já tem uma cultura. Isso é muito interessante para nós e possibilitou o investimento. Ela é uma atleta diferenciada, e não só pelo alto nível técnico?, comentou o supervisor alvinegro. A única ação que está definida para Marta no Santos é a entrega da camisa. A brasileira, que usa o número 10, receberá o uniforme das mãos de Pelé, que foi considerado pela Fifa o maior jogador do masculino e também defendeu o clube alvinegro.

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