Del Nero diz que CBF irá reavaliar acordo com a Pitch

Seleção brasileira durante amistoso contra o México

A crise de corrupção que assola o futebol mundial pode marcar o fim da parceria da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com a Pitch Internacional, empresa que organiza, promove e comercializa os amistosos internacionais da seleção desde 2012. O vínculo com a empresa se estende às negociações de transmissão, um dos focos das investigações no Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, confirmou nesta terça-feira (9), em depoimento na Câmara dos Deputados, em Brasília, que o contrato de dez anos será reavaliado. “Vamos reavaliar tudo isso. O que for melhor para o Brasil será feito”, disse o dirigente em resposta ao deputado federal João Derly (PCdoB – RS). Del Nero afirmou em Brasília que a partida contra Honduras, marcada para quarta-feira (10) às 22h, teve baixa procura por ingressos e dará prejuízo à entidade.

Até o ano de 2012, a ISE Sports foi responsável por sublicenciar as operações da Kentaro, empresa esportiva que passou a gerenciar todos os amistosos da seleção brasileira. Há três anos, a Kentaro deu lugar à Pitch International na administração dos jogos.

O acordo foi assinado na gestão de José Maria Marin, preso desde o fim de maio em Zurique, na Suíça, acusado de fraude, extorsão e lavagem de dinheiro, em um esquema de mais de US$ 100 milhões.

Poucos dias antes o estouro da crise, o jornal “O Estado de S. Paulo” revelou o contrato da CBF com a ISE, mostrando a ingerência da empresa na escalação da equipe de acordo com valor de marketing, habilidade e reputação dos jogadores. Caso a cláusula seja descumprida, o cachê da seleção é eventualmente reduzido a 50% do valor acordado: US$ 1,05 milhão.

O Estado revelou ainda uma briga nos bastidores da negociação que levou à mudança da Kentaro para ISE. De um lado ficaram José Maria Marin e Marco Polo Del Nero. Do outro Ricardo Teixeira. A manutenção da Kentaro renderia US$ 132 milhões aos seus intermediadores, no caso a família Figer, nos dez anos de vigência do acordo, entre 2012 e 2022. Na queda de braço, cujo enredo parece filme de suspense tamanha a quantidade de reuniões secretas, a Kentaro acabou perdendo a briga pela seleção brasileira.

À época, a CBF emitiu nota oficial refutando a interferência de terceiros na convocação da seleção brasileira. Em um comunicado recheado de ironias, a entidade comparou a equipe nacional a um grupo de rock e afirmou que “se uma banda de rock não se apresentar com o seu vocalista, o valor será renegociado”. A CBF disse ainda que a leitura do contrato foi mal intencionada.

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