Diário da Rússia: Brasil e México estão juntos e misturados

Samara foi palco do primeiro jogo de mata-mata para o Brasil nessa Copa contra o México, tradicional rival da América do Norte. Os torcedores mexicanos surpreenderam por serem maioria no estádio e mostraram-se ainda mais animados que os brasileiros, pelo menos enquanto o placar estava zero a zero.

Foto: David Pinski

Os fãs dos dois países têm alguns traços comuns: autoestima acima da média, orgulho em trajar a camisa de sua seleção por vários dias seguidos, permitir-se criticar o time, mas revoltar-se quando algum estrangeiro ousa criticar seu país. Em ambas as torcidas, notavam-se fantasias muito criativas: Chapolin, dinossauro inflável, figurinhas da Copa, lutadores de luta livre, mariachis e índios enfeitavam as fileiras dos dois lados, separados pelas cores dos adereços e pelos cânticos relembrando as glórias do passado ou a esperança no futuro. 

Por serem ambos apaixonados e fanáticos, faltas eram apitadas pela arquibancada com pedidos de cartão ou com gritos de “piscinero”. Os toques de bola foram entoados com “olé” e lances de perigo causavam rostos tensos, em seguida aliviados quando as defesas levavam a melhor sobre os ataques. No segundo tempo, com os dois gols da nossa seleção, a torcida derrotada foi diminuindo seu volume enquanto os brasileiros tentavam coordenar uníssonos, sem muito sucesso. Ao final, mais uma vez levamos a melhor sobre os mexicanos, que se lamentavam de não alcançar novamente as quartas de final, seu tabu mais recente.

Muitos mexicanos vieram cumprimentar os brasileiros ao final do jogo, desejar “suerte” e prever que chegaremos ao hexa nessa Copa. Uma grande quantidade oferecia também seus ingressos para o próximo jogo em Kazan, sem se animarem em seguir na Rússia para acompanhar seus algozes. O clima foi muito mais cortês do que contra a Sérvia, mesmo tratando-se de um adversário bem mais tradicional e num jogo de vida ou morte. Tanto que, na saída do estádio e pelas ruas, viam-se diversos grupos cantando juntos: “América Latina, menos Argentina!”.

* David Pinski é louco por futebol há 42 anos, marketeiro há 21 e está na sua 2ª Copa do Mundo

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