Diário da Rússia: Copa combina com cerveja. E o Brasil?

Foto: David Pinski

Ao fim da primeira rodada da Copa do Mundo, destaca-se a marca com a melhor ativação para quem passa pelos estádios russos. Minha eleita é a Budweiser e seu aprimoramento dos copos colecionáveis, desta vez desenhados com a taça, a data e as bandeiras das seleções que estão jogando, além de um fundo vermelho que pisca. E para quem não se contenta com uma única cerveja, criaram um prático suporte para quatro copos, o que aumenta o tíquete médio, mesmo com as altas filas nos bares. A compra e pagamento antecipado seria um bom próximo passo. Quem sabe no Qatar em 2022.

Nos estádios e fan fests, a venda de bebidas tem sido grande e impulsionada pelo clima quente. Até agora, a turma manteve-se alegre e sem briga. Impressionante sentar-se ao lado de um torcedor rival e poder torcer sem violência. Voltando quatro anos no tempo, tivemos no Brasil a mesma boa surpresa: muita festa e muito pouca confusão.

Foto: David Pinski

O que retorna a um tema polêmico: por que não conseguimos ter este clima nos estádios do Brasil? Não ficou nenhuma lição com a Copa? Precisamos mesmo de torcidas separadas ou até únicas, incluindo escoltas da polícia até os estádios? Se existem torcedores violentos, que tem nas brigas sua maior motivação, a proibição da cerveja para todos é parte da solução ou simplesmente estimula a venda pelos ambulantes do lado de fora? Que tal imitar a Copa no seu controle prévio de acesso, uso de tecnologia para monitoramento, exclusão imediata e punição aos baderneiros? É só coincidência que nos Estados Unidos também usem uma receita parecida com essa?

Claro que temos particularidades que devem ser respeitadas. Os jogadores entrarem rodeados de crianças, os bandeirões nas arquibancadas, as torcidas com instrumentos musicais poderiam ser nosso tempero a ser misturado com boas práticas dos grandes eventos, auxílio eletrônico para arbitragem, lei seca ao redor dos estádios e carnês de ingressos para as famílias curtirem a temporada completa.

Restrições, inclusive à cerveja, pouco contribuem para trazer de volta aos estádios as experiências inesquecíveis que um jogo pela tela da TV não consegue entregar.

* David Pinski é louco por futebol há 42 anos, marketeiro há 21 e está na sua 2ª Copa do Mundo

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