Diário da Rússia: As lições da Copa para o Brasil

De quatro em quatro anos, o Brasil para, e todos os olhos se voltam para a Copa. Poucas vezes voltamos pra casa com mais uma estrela bordada no uniforme, na maioria das edições ficamos frustrados com o resultado, mas sempre temos a oportunidade de aprender com cada experiência. E a Copa da Rússia pode ser uma boa fonte de inspiração para nós, brasileiros:

Foto: David Pinski

– A presidente da Croácia foi para os jogos quando pôde, pagando do próprio bolso, descontando os dias não trabalhados do seu salário, usou uma camisa como qualquer torcedor e abraçou cada um dos jogadores e membros da comissão técnica pelo vice-campeonato sem protocolos formais durante a chuva torrencial que caiu após o jogo. Um belo exemplo de como ser político em qualquer lugar do mundo. 

– Alguns (poucos) torcedores brasileiros que filmaram e enviaram por WhatsApp sua “brincadeira” falando palavrões para uma russa logo no início da Copa conseguiram repercussão muito além dos seus círculos mais íntimos de amizades e ficaram “famosos” nacionalmente. Exemplo do que não fazer.

– Jogos que pareciam decididos tiveram seus destinos definidos nos últimos segundos. Alemanha x Suécia, Bélgica x Japão, Croácia x Rússia e Brasil x Costa Rica são exemplos de que acreditar e batalhar até o final pode ser muito recompensador.

– Dias atrás, pouquíssimos brasileiros conheciam um dos protagonistas da Copa: o VAR. Chamado de “paraquedas para o juiz”, ele marcou pênaltis e reduziu discussões sobre arbitragem a um ou outro lance interpretativo. O VAR fará com que o Arnaldo se aposente, mas vai, principalmente, mudar a forma de jogar futebol, reduzindo simulações e agressões a um nível mínimo por ser muito difícil haver impunidade. Exemplo de uso da tecnologia para a mudança de comportamento e jogo limpo.

– A Copa é o ápice de um atleta e uma oportunidade de defender as cores de seu país. Isso poderia gerar jogos com disputas ríspidas dentro de campo e nervos à flor da pele fora dele. Mas num momento em que alguns dirigentes de países apelam para um nacionalismo xenófobo, a Copa é exemplo de convivência pacífica e humanidade.

Se a Copa conseguir ser fonte de inspiração para essas ou muitas outras coisas para os brasileiros, ela terá um efeito de parada mais eficiente que muitos feriados que perderam seus propósitos. E que comece a contagem regressiva para a próxima.

* David Pinski é louco por futebol há 42 anos, marketeiro há 21 e está na sua 2ª Copa do Mundo

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