Com o começo dos mata-matas, a temperatura da Copa esquentou de vez. Seu primeiro jogo nesta etapa fez suspirar os fãs do futebol-arte e infartar torcedores de Argentina e França. Nesta fase da Copa, mesmo quem não liga muito para futebol não consegue ficar alheio à eliminação de Espanha, Portugal e Argentina, assim como as decisões sofridas de Rússia e Croácia. As expectativas de hoje para o jogo do Brasil contra o México são de nervos à flor da pele.
Os brasileiros são mal-acostumados. Somos a única seleção a se classificar para todos os Mundiais desde 1930 e há mais de 50 anos que passamos pela primeira fase. Nossa expectativa é tão alta que qualquer resultado que não seja o título não nos serve, diferentemente de torcidas como a do Panamá (que comemorou seu primeiro gol em Copas), Peru (voltando a participar após longo jejum) ou Islândia (seleção sensação da Europa nos últimos 2 anos).
Ontem, foi a vez de a torcida russa explodir de felicidade com uma campanha muito além do esperado. Anfitriões da Copa, estavam em último lugar do ranking da Fifa quando o torneio começou. De cara, golearam a Arábia e venceram bem o Egito. Tiveram uma ducha de água fria contra o Uruguai e enfrentaram a favoritíssima Espanha. Assisti ao jogo num bar em Moscou, dividido entre russos e estrangeiros. Quando os russos venceram a disputa de pênaltis, parecia que uma enorme população deixou suas casas para mostrar seu orgulho e alegria.
Em poucas horas as pessoas apareciam num fluxo interminável de bandeiras, rostos pintados, gritos de “Rússia, Rússia”, carros buzinando, cantoria, abraços e sorrisos. Gente subia em postes, adolescentes “surfavam” em cima de um ônibus e recebiam os aplausos da massa! O exército observava a tudo e a todos com atenção, mas sem restringir nenhuma expressão de euforia da população, para espanto dos turistas que sempre ouviram sobre a rispidez e seriedade das forças policiais russas.
Para os russos, chegar às quartas de final foi como ter ganhado o Mundial. Mesmo que saiam no próximo jogo, a Copa já trouxe à tona muito de seu orgulho guardado. Provavelmente haverá ótimos números de aprovação do evento e de audiência televisiva por aqui. Para o turista, a vitória russa também foi boa. Afinal, pra quem veio a uma festa, é ótimo que os anfitriões estejam felizes e animados. Então: zdorov’ye!
* David Pinski é louco por futebol há 42 anos, marketeiro há 21 e está na sua 2ª Copa do Mundo