Fechados. Agressivos. Maltratam os estrangeiros. Essas são algumas das definições que ouvi sobre os russos, e fiquei preocupado com o que encontraria não apenas em grandes cidades, como Moscou (naturalmente cosmopolita), mas principalmente nas pequenas, como Samara e Rostov-on-Don.
O presidente Vladimir Putin também sabia da fama de seu povo para os estrangeiros e fez sua lição de casa: orientou a polícia pra ser mais gentil e permissiva com as festas nas ruas, fez vídeos de boas-vindas para os turistas, sabia que os olhos de todo o mundo estariam voltados para o seu país e que essa seria uma oportunidade única pra melhorar sua imagem.
Eis que a Copa começou, e a Rússia está nas oitavas de final! Nem o mais otimista imaginava o sucesso de uma seleção que não tinha conquistado uma vitória sequer nos amistosos deste ano e era a seleção com pior ranking entre as 32 da Copa. No embalo do sucesso nos estádios, os russos vestiram a camisa. O futebol tomou as manchetes dos jornais e canais de TV, e as populações das cidades parecem felizes em receber turistas e mostrar seu país, monumentos, praças e cultura.
Ao caminhar pelas ruas, recebi saudações de russos animados com a indefectível camisa canarinho, convites para provar pratos típicos, pessoas me ajudando na comunicação e até caronas para os locais que eu não poderia ir embora sem conhecer.
As cidades enfeitadas receberam aquele toque embelezador durante o mês da Copa e não é possível cravar se tudo permanecerá tão bem cuidado depois que o Mundial passar. Mas a imagem dos russos, para quem esteve aqui, é de um povo alegre, aberto e caloroso, embora direitos iguais para homens e mulheres, e demonstração de carinho entre homossexuais sejam tabus, principalmente para os mais velhos.
Que a Copa seja um marco de modernidade e aceitação para todos.
* David Pinski é louco por futebol há 42 anos, marketeiro há 21 e está na sua 2ª Copa do Mundo