A camisa amarela que a seleção brasileira usa nas Copas do Mundo transformou-se em um uniforme também para brasileiros comuns mostrarem orgulho de sua nacionalidade. Em nenhum outro país, a camisa da seleção de futebol representa um símbolo tão único: nos Estados Unidos, a bandeira americana faz este papel, alguns países europeus têm outros símbolos (como seus monumentos e personagens históricos) e outros, como a Nova Zelândia, são reconhecidos por camisas de outros esportes, como o rúgbi. A Argentina talvez seja o único que tenha na sua tradicional camisa listrada em azul e branco um símbolo de identificação forte, porém sem a mesma mística da camisa canarinha.
Foto: David Pinski
Sempre me chamou muito a atenção o valor cobrado pela camisa oficial do Brasil: neste ano, a versão torcedor custa R$ 249 no nosso país e 80 euros por aqui, mas chama mais atenção ainda a quantidade de pessoas usando orgulhosamente a camisa amarela fora dos estádios. E não apenas brasileiros!
A despeito do uso em protestos políticos mais recentes, trajar a camisa brasileira parece transformar quem a usa numa pessoa mais alegre, que está feliz por estar aqui, simpática com todos, expansiva e comunicativa. Adjetivos que russos, japoneses, americanos, coreanos e muitos europeus associam à chegada do verão e da alegria em ter muitas horas de calor e sol brilhando, como a amarelinha.
Talvez não seja coincidência que a maior fornecedora de material esportivo do mundo, quando decidiu investir no futebol para sua expansão global, fez uma proposta milionária para a CBF e passou a vestir a seleção na Copa de 1998, tendo Ronaldo como protagonista. A Nike paga cerca de R$ 135 milhões por ano para ser fornecedora da camisa mais apreciada (e comprada!) por pessoas de tantas nacionalidades.
Por isso mesmo, parece estranho que a federação alemã de futebol receba mais que o dobro da Adidas para prover as camisas brancas, que não fazem a festa por aqui e já estão de malas prontas para casa. Se o fato de a Alemanha ser a atual campeã mereça tamanha diferença, que tenhamos da Nike um reajuste proporcional à 6ª estrela que torcemos muito pra que venha no próximo dia 15 de julho.
* David Pinski é louco por futebol há 42 anos, marketeiro há 21 e está na sua 2ª Copa do Mundo