O futebol brasileiro não é o único esporte que vive uma crise em função dos direitos de transmissão. Na liga profissional de futebol americano (NFL), o faturamento com mídia também pode causar uma greve nos próximos dias. A paralisação dos jogadores ainda não é oficial, mas é iminente.
O principal motivo para isso é que os atletas reivindicam uma participação maior no faturamento da NFL. Existe um estudo que mostra que a liga pode atingir até o fim desta década um ganho anual de US$ 8 bilhões com mídia.
O atual contrato da NFL com as emissoras de TV tem validade até 2013, com um rendimento anual de US$ 4 bilhões para a liga. Já existe uma negociação em curso para um novo acordo, e a NFLPA, associação que representa os atletas, pleiteia uma fatia maior.
Na última sexta-feira, a NFLPA anunciou sua dissolução. Isso aconteceu para permitir que atletas acionassem individualmente a Justiça contra a NFL e para manter a ação no tribunal do juiz David Doty, que anteriormente tomou decisões favoráveis aos atletas.
Com essa decisão, a NFLPA deixou de ter representatividade como classe dos atletas. A entidade não pode mais negociar em bloco pelos jogadores, cenário que repete o que aconteceu no fim da década de 1980.
A proposta da NFLPA é que os jogadores fiquem com metade do faturamento da liga com TV. Essa porcentagem não foi aceita pela liga, mas a diferença entre as duas ofertas não foi revelada.
O principal problema é que a maioria dos times não pode ceder uma fatia maior de seu faturamento com mídia. Atualmente, a maioria das franquias convive com estádios altamente deficitários.
Desde 1999, 20 das 32 equipes da NFL remodelaram suas arenas. “A liga acreditava que com isso haveria uma tremenda ascensão dos preços, e que então ficaria tudo bem. O que aconteceu foi um pouco diferente: os preços estavam altos, a recessão chegou e o plano se tornou um grande fracasso”, ponderou Neil Begley, analista-sênior da Moody Investor’s Service, em entrevista ao “Sport Business Journal”.
“Infelizmente, a NFL e seus 32 proprietários de times, que aproveitam os frutos de uma indústria de US$ 9 bilhões, não puderam oferecer um acordo justo para os homens que arriscam sua saúde e sua segurança para jogar futebol”, disse Richard Trunka, presidente da associação AFL-CIO, em um comunicado oficial.