O Campeonato Peruano de futebol vive neste ano uma crise sem precedentes. Em função das dívidas dos clubes com atletas, o torneio acompanhou greves, debandada de equipes e demissões coletivas.
Tudo começou porque não houve um acordo entre clubes e jogadores para o pagamento de dívidas acumuladas. Os times queriam solucionar essa questão em até 24 meses, mas os atletas exigiam receber em um ano.
No dia 17 de março, atletas decidiram entrar em greve. A paralisação dos atletas teve respaldo do sindicato mundial dos jogadores profissionais (FIFPro), que emitiu nota defendendo o movimento.
“O FIFPro apoia totalmente os jogadores. O futebolista profissional é um trabalhador que deve receber por seus serviços”, disse o texto do sindicato.
A despeito da greve, times resolveram manter a primeira rodada do Campeonato Peruano, que foi disputada com muitos juvenis e juniores em sete partidas. No domingo, contudo, o Universidad San Martín não se apresentou para jogar contra o Melgar.
O não comparecimento foi uma decisão dos atletas, sem anuência da diretoria da equipe. Revoltada, a cúpula do clube decidiu promover uma dispensa coletiva de todo o elenco.
Unión Comercio e César Vallejo seguiram a postura drástica do San Martín e anunciaram na semana passada o encerramento de suas atividades no futebol profissional.
Por conta disso, a Federación Peruana de Fútbol (FPF) vai reformular o campeonato nacional, que deve ser retomado apenas no dia 3 de março. Ainda há a possibilidade de os dissidentes retomarem atividades e disputarem o certame.
A crise financeira vivida pelo futebol peruano tem relação direta com os altos custos do esporte no país. Os times locais, com faturamentos modestos, chegaram a ter folhas salariais em torno de US$ 20 milhões anuais (dados de 2010).