Em meio a escândalo, Djokovic questiona patrocínio de casa de apostas ao tênis

O tenista Novak Djokovic, número um do mundo

Número 1 do mundo, Novak Djokovic criticou publicamente o contrato da casa de apostas William Hill ao Aberto da Austrália, primeiro Grand Slam da temporada, que teve início na última segunda-feira (18).

O acordo foi celebrado em outubro do ano passado e abriu uma nova categoria de investimento no esporte. A empresa tem direito sobre outros torneios, como a Copa Hopman,a Brisbane International, a Apia International Sidney, o World Tennis Challenge e Hobart International.

“É um tema a ser debatido. Agora e no futuro. A linha que existe é muito tênue, inclusive eu diria que está no limite. Se querem permitir que casas de apostas de envolvam no mundo do tênis, nos grandes torneios, irão criar uma grande dificuldade sobre o que é certo ou não”, afirmou o tenista sérvio, um dos envolvidos na investigação.

No início da semana, a BBC e a BuzzFeed News revelaram uma rede de apostas ilegais e armação de resultados no tênis durante a última década. Segundo os veículos de comunicação, o escândalo mancharia a reputação de 28 jogadores, 16 dos quais já ocuparam a posição de top 50 no ranking mundial.

A maioria dos tenistas suspeitos são argentinos e espanhóis. Até agora, os nomes dos atletas não foram revelados. A origem da quadrilha seria na Rússia, no norte da Itália e na Sicília. Devido às suspeitas, a Unidade e Integridade do Tênis (UIT), entidade encarregada de investigar possíveis irregularidades, examinou 26 mil partidas e centrou sua atenção para alguns jogadores. Esses teriam mantido reuniões com mafiosos em seus hotéis e combinavam derrotas em troca de pagamentos de US$ 50 mil ou mais.

O caso mancha a grama sagrada de Wimbledon, um dos eventos esportivos de maior prestígio do mundo. Segundo as investigações, três jogos do Grand Slam britânico teriam tido resultados manipulados.

“Campeões de torneios de Grand Slam, em simples e duplas, formam parte do grupo central de 16 jogadores que, em várias ocasiões, perder partidas quando havia apostas altamente suspeitas contra si”, afirmou o Buzzfeed.

Já a BBC fala em “ganhadores de Grand Slam”, mas não especifica em quais categorias. Nos últimos dez anos, há sete tenistas que saíram vitoriosos em um torneio de Grand Slam: Roger Federer (13 títulos desde 2005), Rafael Nadal (14), Novak Djokovic (10), Stanislas Wawrinka (2), Andy Murray (2), Juan Marín del Potro (1) e Marin Cilic (1).

Djokovic admitiu ter recebido oferta para perder uma partida no Torneio de São Petersburgo, em 2007. “Sempre tomei a decisão correta. Mas só posso falar de meu comportamento”, afirmou o sérvio, número um do ranking mundial, que se negou a participar da armação.

O BuzzFeed News empregou um algoritmo que detectou alterações em partidas em que 16 jogadores sob suspeita atuaram. A investigação partiu do caso Nicolai Davidenko. Em 2007, o tenista, que chegou a ser o número 4 do mundo, perdeu um jogo do ATP de Sopot (Polônia) para o argentino Martín Vasallo-Argüello, então 87º do ranking.

Na ocasião, o russo venceu o primeiro set (6/2), perdeu o segundo (6/3) e se retirou no terceiro, quando perdia por 2 a 1, por causa de uma lesão no pé. De maneira suspeita, as apostas naquela partida chegaram a € 5 milhões, dez vezes o montante habitual.

Chris Kermode, presidente da ATP, concedeu entrevista coletiva em Melbourne, onde acompanha o Aberto da Austrália. O dirigente negou saber de qualquer informação sobre armação de resultados e que irá estudar as denúncias da imprensa. “A ideia de que o tênis não está atuando corretamente é ridícula”, afirmou.

Segundo Nigel Willerton, diretor da UIT, “há jogadores no torneio [Aberto da Austrália] que estão sendo investigados”. Desde 2008, quando foi criado, o UIT recebeu mais de US$ 14 milhões para realizar suas investigações. A entidade, responsável pela lisura da modalidade, já puniu 18 tenistas. Seis deles foram banidos do esporte: Daniel Koellerer (Austrália), David Davic (Sérvia), Alexandros Jakupoviclos (Grécia) e Potito Starace e Daniele Bracciali (Itália).

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