A versão de 2018 do relatório anual da consultoria Deloitte sobre as finanças dos times mais ricos do mundo, a Football Money League, foi divulgada nesta semana e mostrou que a elite do futebol europeu passou a ser mais dependente da verba de televisão, em comparação à temporada anterior.
Mais uma vez, os clubes europeus tiveram alta nas receitas. Os vinte times mais ricos do período 2016/2017 subiram os ganhos. Agora, a soma das equipes chega a 7,8 bilhões de euros, 400 milhões de euros a mais do que a temporada anterior. Somente os três primeiros clubes (Manchester United, Real Madrid e Barcelona) são responsáveis por 2 bilhões desse valor. É mais do que os 11 que estão entre a 20ª e a 30ª posição do levantamento.
Mas isso não significa alta em todos os setores. Alguns clubes perderam o que ganhavam comercialmente, algo compensado pela televisão. Em 2015/2016, patrocínios formavam a maior parte do faturamento da elite europeia, com 43% dos ganhos dos vinte times mais ricos. Agora, esse número passou para 38% e, com 45%, a televisão assumiu o primeiro posto. Em seu levantamento, a Deloitte separa as receitas dos clubes entre TV, comercial e matchday, que envolve ingressos, hospitalidade e serviços de estádio. Premiações da Uefa entram como televisão.
Pelo levantamento, há duas indicações para essa mudança. A primeira está nos clubes ingleses, que tiveram acentuada queda nos ganhos comerciais. Dos vinte times mais ricos do mundo, 11 são ingleses, mas eles sofreram mais no mercado no último ano. Com as dúvidas que surgiram com o Brexit, a economia do Reino Unido teve um ano de tímido crescimento.
O Manchester United, time mais rico do mundo, é bom exemplo. A receita com a televisão cresceu, de 188 milhões para 226 milhões de euros na última temporada. Os contratos comerciais, por outro lado, tiveram queda de 364 milhões para 325 milhões de euros. Outros dois times do país que estão entre os financeiramente mais poderosos do futebol, o Arsenal e o Manchester City viveram situação semelhante.
Outra explicação está na entrada de times menos tradicionais que faturaram alto com televisão graças a boas campanhas em torneios europeus, caso da Liga dos Campeões e da Liga Europa. Napoli, Southampton e Leicester estão inclusos nesse grupo. No Leicester, por exemplo, 82% da receita vem da TV. Times com receitas mais equilibradas, como Milan e Roma, ficaram fora do top 20 da última temporada.