Em choque com governo, CBF convoca João Dória para Copa América

A Confederação Brasileira de Futebol resolveu inovar no anúncio do chefe de delegação da seleção brasileira durante a Copa América. O jornalista e empresário João Dória Júnior assumirá o posto durante a competição no Chile, neste ano.

Normalmente, o cargo é usado politicamente pela CBF, mas sempre entre pessoas ligadas diretamente ao futebol. Nessa linha, presidentes de clubes e de federações costumam assumir a posição, em sinal de proximidade com a entidade.

A convocação de João Dória acontece justamente em um momento em que a CBF e o governo federal se desentendem nos bastidores. A entidade é contra a Medida Provisória 671, escrita para condicionar a renegociação das dívidas dos clubes. O texto obriga que os times mantenham demonstrações contáveis públicas e se adequem a uma nova realidade financeira, vista com maus olhos pelos dirigentes nacionais.

João Dória, que preside Grupo de Líderes Empresariais (Lide), é publicamente contra o governo de Dilma Rousseff. O jornalista apoiou a candidatura de Aécio Neves em 2014, inclusive com a promoção de eventos entre o então presidenciável e grupos de empresários.

A relação entre CBF e governo federal nunca foi boa no governo Dilma. Durante as preparações para a Copa do Mundo, a presidente sempre fez questão de manter distanciamento com a cúpula da entidade. As razões chegavam até ao relacionamento próximo entre o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, e a Ditadura Militar; Marin foi deputado federal pela Arena.

No fim de 2014, a CBF já havia dado uma sinalização de que permaneceria mais próxima da oposição e mais distante da situação. Marco Polo Del Nero contratou o político Walter Feldman para ser seu braço direito na entidade. Por mais de duas décadas, Feldman foi nome forte do PSDB. Em 2014, ele coordenou a campanha para Marina Silva assumir o Palácio da Alvorada, pelo PSB.

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