Endividada, Roma abre mão de candidatura olímpica para 2024

A prefeita Virginia Raggi, ao tomar posse na prefeitura

Roma retirou candidatura para os Jogos Olímpicos de 2024 nesta quarta-feira (dia 21). A prefeita Virginia Raggi, eleita em junho, considerou o projeto inviável para uma das cidades mais endividadas da Europa.

“É irresponsável dizer sim a essa candidatura. Não temos nada contra o esporte, mas não gostamos das Olimpíadas de tijolos. Não queremos construir catedrais o deserto”, definiu.

Com a saída da capital italiana, restam na disputa Paris, Budapeste e Los Angeles. A escolha será feita em setembro de 2017, em Assembleia Geral do COI (Comitê Olímpico Internacional) marcada para Lima, no Peru.

A prefeita romana, integrande do partido Movimento Cinco Estrelas (M5E) afirmou que realizar Jogos Olímpicos na cidade significaria “hipotecar o futuro” de Roma, uma cidade que conta com dívida de € 13 bilhões (R$ 47 bilhões) e que “ainda está pagando dívidas adquiridas nos Jogos Olímpicos de 1960”.

A prefeita lembrou que 70% dos romanos se pronunciaram contra a Olimpíada durante as eleições. “Perdemos uma oportunidade incrível para Roma e a Itália”, lamentou Giuseppe Malagó, presidente do Coni (Comitê Olímpico Nacional Italiano), que não participou da conferência de imprensa em que foi anunciada a retirada da candidatura.

O Coni tinha prometido que a realização dos Jogos não custaria nada ao contribuinte. O orçamento, de € 5,3 bilhões, seria bancado integralmente pelo comitê, patrocinadores e governo federal.

A candidatura de Roma contava com apoio do primeiro-ministro Matteo Renzi, de centro-esquerda, que já havia criticado a M5S por rejeitar a iniciativa. “Perde-se uma grande chance de desenvolvimento e de criação de empregos. É um erro”, sentenciou o político

A prefeita de Roma, em encontro com o papa Francisco

A decisão da prefeita foi apoiada por vários políticos de extrema esquerda, que denunciaram as pressões sofridas por Raggi de empresários locais, que esperavam que os Jogos rendessem polpudos contratos para a construção de instalações esportivas.

“Os Jogos são como um sonho que se tornar pesadelo”, definiu a política, lembrando que Boston e Hamburgo também já havia aberto mão de suas candidaturas por problemas similares.

A primeira mulher a governar Roma na história reconheceu que não entende de futebol, mas lembrou do legado de piscinas e instalações esportivas abandonadas depois do Mundial de Desportos Aquáticos de Roma, realizado em 2005.

A decisão ainda precisará ser confirmada em votação da Câmara Municipal. Raggi anunciou que tem projetos “mais ambiciosos e concretos para a cidade”, como recuperação de ginásios nos bairros, obras de manutenção das ciclovias e melhorias no transporte. 

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