“Você tem algum ingresso sobrando”? A pergunta é recorrente entre os turistas brasileiros que estão em Londres para tentar acompanhar os Jogos Olímpicos dentro das arenas. A realidade dos torcedores do país que abrigará a próxima edição das Olimpíadas é totalmente diferente daquela vivida pelos torcedores do atual país-sede dos Jogos.
Enquanto os ingleses fazem campanha de mídia para incentivar a população a comprar os ingressos sobrando e ainda precisam responder às perguntas dos jornalistas para explicar por que muitas arenas estão com lugares vagos, a Tamoyo y Turismo, empresa responsável pela venda de ingressos para eventos com atletas brasileiros em Londres, montou uma força-tarefa para atender os turistas sem entradas.
A empresa de turismo, que é a única responsável pela comercialização de entradas para brasileiros, teve de contratar dez funcionários em Londres para atender à demanda extra pela procura de bilhetes. Além disso, deverá conseguir atingir a venda recorde de 50 mil entradas para torcedores do país.
O primeiro andar do hotel Kingsway Hall, em que estão os principais executivos da Tamoyo, foi transformado numa espécie de bilheteria para brasileiros. Na última segunda-feira, cada pessoa levava cerca de duas horas para conseguir ser atendida para a compra de entradas para eventos com a participação do país em Londres.
Esse seria o cenário dos sonhos para qualquer empresa, mas para a Tamoyo, a operação extra que foi preciso montar para atender aos brasileiros tem dois lados diferentes da moeda.
“Eu estou tendo de deslocar gente para cuidar disso quando poderia estar apenas cuidando dos meus clientes que compraram o pacote de viagem. Inicialmente era para termos três pessoas para cuidar da venda extra, atualmente são pelo menos dez funcionários deslocados para isso”, afirmou Antonio Carlos Valente, sócio da Tamoyo, que vendeu pacotes individuais para Londres, além de serviços de hospitalidade corporativa.
Para o executivo, a conjunção de alguns fatores causou essa procura desenfreada de ingressos pelos brasileiros apenas em Londres.
“Tem a ver com o interesse crescente por conta de Rio-2016, mas também o brasileiro gosta de deixar tudo para a última hora. Até mesmo aqui ele não compra os bilhetes até o fim dos Jogos, apenas para os próximos dois ou três dias”, disse Valente em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte.
Os Jogos de Londres marcam um recorde na história da Tamoyo, que desde 2000 é a agência credenciada para fazer a comercialização de pacotes de viagem e também de ingressos para os Jogos Olímpicos. Pela primeira vez a empresa comercializou cerca de 40 mil bilhetes.
“A maior diferença, agora, é que não estamos tendo prejuízo com esses ingressos. Nas outras Olimpíadas, a procura pelos bilhetes que sobravam era muito menor”, afirmou Valente.
Em 2016, a venda de ingressos para os torcedores será feita diretamente pelo Comitê Organizador dos Jogos. Isso não significa, porém, que a Tamoyo não fará parte do evento. A empresa venceu a concorrência para ser uma das operadoras dos serviços de hospitalidade do Rio-2016.
* O repórter viaja a convite da Adidas