Um oportunista compositor de axé aproveitou a epidemia por que passa a África para lançar uma música de mau gosto, cujo refrão diz: “Ebola, ebola, tentando me matar/ Ebola, ebola, vai te contaminar”.
Na mesma semana, em decisão mais sensata, o Marrocos renunciou à sede da Copa Africana de Nações. O país pedia, havia dias, que a Fifa tomasse uma decisão em relação ao torneio, que atrairia cerca de um milhão de torcedores para os estádios espalhados por quatro cidades: Rabat, Marrakesh, Agadir e Tangier. Um ótimo foco de contaminação.
Diante da omissão da entidade que comanda o futebol mundial, as autoridades sanitárias marroquinos tomaram à frente no processo, cancelando o evento. O país tinha pedido um adiamento da competição para junho, acreditando que até lá houvesse uma vacina para conter o avanço da epidemia. Não tiveram resposta.
Mais uma vez, a Fifa parece mais preocupada em honrar compromissos comerciais e direitos de TV. A Confederação Africana, sua representação no continente, não se sensibilizou com a situação e já convidou Gana, Sudão, Zimbábue e África do Sul para abrigar o evento.
“Não é uma decisão fácil. Vamos colocar nosso povo em risco?”, questionou um dirigente sul-africano.
Colocar milhares de vidas em risco parece pouco incomodar quem comanda o futebol. A Fifa trata o ebola com a indiferença de um axé baiano. “Ebola, ebola, tentando me matar/ Ebola, ebola, vai te contaminar”.