O enfraquecimento político da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) deve acelerar a aprovação do texto final da Medida Provisória que prevê o refinanciamento das dívidas dos clubes de futebol com o governo federal.
Na próxima semana, já deverá haver uma reunião entre representantes do governo com Otávio Leite, que é o relator da MP 671. A expectativa é de que Leite acelere a redação do texto final da MP e que isso faça com que os políticos aprovem a medida, que obriga uma série de mudanças na gestão dos clubes que aderirem ao refinanciamento proposto.
O cenário mudou desde quarta-feira, quando estourou o escândalo de corrupção envolvendo dirigentes do futebol nas Américas do Sul, Central e do Norte e que resultou na prisão de José Maria Marin, ex-presidente da CBF.
A disputa sobre a aprovação do texto da MP era o grande embate travado pelos dirigentes da CBF com o governo desde que Marco Polo del Nero assumiu a presidência da entidade, em 16 de abril. Desde então, a bancada da bola em Brasília havia conseguido travar a aprovação da MP 671.
O problema para a CBF é que, com o estouro do caso de corrupção, o humor político mudou.
Na última quinta-feira, o deputado federal e ex-judoca João Derly conseguiu 200 assinaturas para instaurar uma CPI para apurar irregularidades no futebol na Câmara. Romário, ex-jogador e senador, já havia feito pedido similar no Senado ainda no dia de estouro do escândalo, após colher 52 assinaturas favoráveis à instauração de uma CPI.
Encurralados, os dirigentes da CBF devem concentrar esforços para travar o andamento das CPIs e, assim, não conseguirão bloquear a aprovação do texto da MP. Se aprovada, a medida promete dar uma guinada na gestão dos clubes, ao exigir, entre outras coisas, que as entidades só possam ter uma reeleição, além de cumprir com diversas obrigações fiscais.