“Escândalo dos relógios” complica situação do mandatário do futebol na Espanha

Foto: Reprodução / Twitter (@rfef)

Se o Brasil teve o escândalo da prisão de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), nesta última quinta-feira (5), a Espanha não fica atrás. Ángel María Villar, presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) desde 1988 e que foi preso e suspenso do cargo em julho deste ano, é acusado de corrupção e irregularidades que envolvem milhões de euros e está seguindo o mesmo caminho.

Provas e documentos recolhidos pelo Ministério Público e a Guarda Civil Espanhola na chamada Operação Soule complicam cada vez mais a situação de Villar. A novidade divulgada pelo jornal espanhol ABC é que o mandatário distribuía relógios de luxo a jogadores e dirigentes toda vez que a seleção do país alcançava algum tipo de sucesso. 

De acordo com as investigações, a ação é praticada há bastante tempo, mas foi impulsionada nos últimos dez anos, com as maiores conquistas da história da “Fúria”, as Eurocopas de 2008 e 2012 e a Copa do Mundo de 2010.

O problema é que Villar começou a deixar de dar relógios para jogadores para priorizar dirigentes e, muitas vezes, a si mesmo. Segundo o jornal ABC, um dos grandes exemplos ocorreu quando a seleção espanhola garantiu vaga na Copa do Mundo do Brasil em 2014.

Assim que a “Fúria” carimbou o passaporte, a Federação comprou 35 relógios IWC Schaffhausen, um modelo português fabricado em ouro rose e avaliado em 28 mil dólares. O técnico Vicente Del Bosque havia convocado 36 jogadores durante a campanha nas Eliminatórias, mas apenas 28 receberam os relógios. Os outros oito foram dados a colaboradores de Villar.

Dessa forma, oito jogadores foram escolhidos para não receber os relógios. Foram eles: De Gea, Azpilicueta, Nacho, Michu, Beñat, Javi García, Javi Martínez e Soldado. Na ocasião, a Federação pagou 17 mil dólares por cada relógio porque os outros 11 mil dólares de cada peça foram pagos por um acordo de patrocínio com a relojoaria e joalheria Chocrón.

Outro exemplo ocorreu quando a “Fúria” foi campeã europeia em 2012. O próprio Villar ficou com um dos 30 relógios avaliados em 18 mil dólares adquiridos pela Federação. Mais uma vez, oito jogadores ficaram sem receber a peça para que cartolas tivessem o benefício.

Ainda segundo o jornal ABC, os jogadores que eram considerados os capitães da equipe, como Casillas, Sérgio Ramos, Xavi e Iniesta eram obrigados a escolher os atletas que ficariam sem os relógios. A escolha acabava sendo feita por tempo em campo e anúncios de patrocinadores em que alguns estavam presentes e outros não.

Além de presidente da Federação Espanhola de Futebol por 29 anos, Ángel María Villar já foi vice-presidente da Uefa, presidente em exercício da entidade em 2016 e vice-presidente da Fifa.

Em julho deste ano, ele foi preso ao lado do filho, Gorka Villar, ex-diretor da Conmebol, ambos acusados de corrrupção, irregularidades econômicas e graves deficiências no controle de gestão de subsídios que envolviam mais de 20 milhões de euros credenciados pelo Tribunal de Contas da Espanha. Após a prisão, Villar foi suspenso da presidência da Federação Espanhola e acabou renunciando aos cargos na Uefa e na Fifa.

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