O estouro de um escândalo de corrupção envolvendo diversos dirigentes de alto escalão do futebol nas Américas do Sul, Central e do Norte deve ter, como primeira consequência para o mercado, a renegociação dos direitos de TV das principais competições que são organizadas pela Conmebol e pela Concacaf, entidades que controlam o futebol nas Américas.
Isso tudo, porém, deve ocorrer após a realização da Copa América, no Chile, entre 11 de junho e 4 de julho próximos. Segundo fontes do mercado ouvidas pela reportagem, a tendência é que a Traffic, uma das empresas que tem colaborado com as investiga- ções da Justiça americana, perca boa parte dos acordos que têm com a Conmebol e a Concacaf.
A Traffic e seu dono, J. Hawilla, estão no centro do escândalo. O empresário concordou em pagar US$ 151 milhões para atenuar as acusações envolvendo seu nome e suas empresas nos Estados Unidos. Além disso, Hawilla tem dito às autoridades como funcionava o esquema de pagamento de propina a dirigentes para a assinatura de contratos e, também, quem eram os principais operadores dos esquemas nas Américas.
A saída da Traffic do mercado deixaria vagos os direitos de se comercializar a Copa América e, também, parte da Libertadores. Além disso, os direitos de transmissão sofreriam uma enorme reviravolta, já que boa parte dos negócios é gerida pela agência.
Entre os indiciados pela Justiça dos Estados Unidos estão dois executivos que comandaram a Traffic USA, braço americano da agência de marketing esportivo: Aaron Davidson e Enrique Sanz.
Até agora, a prisão de sete alto dirigentes do futebol, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, não gerou nenhuma mudança nos acordos comerciais envolvendo Copa América, Copa Ouro, Libertadores e Sul-Americana, torneios que foram citados pela Justiça dos Estados Unidos.