Especial Futebol Alemão: Bundesliga dobra faturamento em uma década

Até 2020, Bundesliga quer aumentar receita em mais 35% (Foto: Bundesliga)

O Campeonato Alemão de hoje não pode ser comparado ao torneio do início deste século. Muito mais do que a Copa do Mundo de 2016, o que mudou o futebol interno do país foi um processo de modernização e profissionalização da liga local, a Bundesliga.

Foi em dezembro de 2000 que a DFL, a Liga de Futebol Alemão, surgiu. De forma independente, passou a gerir as duas principais divisões do país, com um total de 36 times.

Leia mais:

Especial Futebol Alemão: Bundesliga quer o mundo

Especial Futebol Alemão: Liga se mantém popular para ser mais rentável

Especial Futebol Alemão: Borussia Dortmund vira case na Europa

Especial Futebol Alemão: Base vira obsessão antes do tetra 

Análise: Por que exaltamos o futebol alemão?

Para quem duvida da capacidade de transformação que uma gestão profissionalizada pode alcançar, os números esclarecem. Na temporada 2002/2003, o faturamento da Bundesliga foi de € 1,150 bilhão. A organização chegou a ter onze recordes de alta seguidos e, na temporada 2014/2015, a conta fechou em € 2,620 bilhões. O equilíbrio também é celebrado pela organização, já que a soma se divide em partes iguais entre direitos de televisão, patrocinadores e arrecadação das arenas em dias de jogos.

Para chegar a esse aumento, uma das primeiras medidas da Bundesliga foi impor uma série de regras para que as equipes conseguissem a licença para participar do torneio. As condições abrangem desde infraestrutura básica necessária a regras para mídia, além de um plano financeiro salutar para cada equipe. Esse último quesito, por sinal, também foi celebrado na última temporada: 27 dos 36 clubes apresentaram lucro.

“A regulamentação garante que haja um senso de confiabilidade e credibilidade à medida que os clubes e os jogadores estão focados nessa questão, e ela também beneficia parceiros e mídia”, resumiu o presidente da DFL, Reinhard Rauball, em comunicado oficial.

Ao longo das últimas décadas, a DFL foi criando braços independentes para questões que envolvem a comercialização da Bundesliga. Hoje, há três grupos distintos dentro da liga, cada um focado em televisão, em marketing global e em produção de conteúdo. O plano é chegar ao fim da temporada 2019/2020 com um crescimento de 35% do faturamento.

Considerando a Bundesliga como um produto, houve apenas um grande engasgo nos últimos anos: o domínio do Bayern de Munique. O time é o mais rico e conhecido do país, e fica também na região mais desenvolvida da Alemanha. Sua grandeza no Campeonato Alemão sempre esteve em evidência, mas, nas últimas temporadas, ela foi excessiva: foram quatro títulos em sequência.

A capacidade financeira do time é tamanha que uma velha piada foi ressuscitada no país, mas com o time da Baviera no lugar da seleção alemã dos anos 1980. “O futebol é um jogo simples: são 22 homens correndo atrás da bola durante 90 minutos. No final, ganha o Bayern”.

Para evitar a disparidade entre equipes, a Alemanha mantém duas regras básicas. A primeira é que nenhuma equipe pode ser empresa; o limite de ações na bolsa é de 49%. Assim, evita-se que donos façam investimentos fora do comum, como acontece na Inglaterra A segunda é a divisão da televisão. Metade da verba paga é dividida igualmente. O restante é espalhado conforme a torcida e o desempenho esportivos nos torneios anteriores.

A Máquina do Esporte questionou o embaixador da Bundesliga, Lothar Matthaüs sobre o problema, mas o porta-voz não demonstrou preocupação. “O Bayern é um time gerido por pessoas muito profissionais, todas as decisões tomadas são técnicas. Os outros times têm esse potencial; eles precisam é achar os parceiros certos para isso. Isso aqui é um negócio”, ratificou. 

*O reporter viajou a convite da Fox Sports.

Sair da versão mobile