ESPN projeta futuro sem os direitos da Liga dos Campeões

Jogadores do Barcelona festejam o título da Liga dos Campeões

O fim de semana encerrou uma das parcerias mais longevas nos direitos de TV fechada no Brasil. A partir da próxima temporada e por três anos, a ESPN será substituída pela TV Esporte Interativo na Liga dos Campeões da Europa. O evento, que teve o Barcelona como campeão no último sábado, estava em poder do canal desde que a emissora iniciou operação no Brasil, em 1989.

“A parceria foi muito boa para a ESPN. Ter um campeonato como a Liga dos Campeões no nosso portfólio foi ótimo. E para a Liga dos Campeões foi ótima a parceria com a ESPN porque ela se tornou conhecida pelo fã de esporte no Brasil”, diz German Von Hartenstein, diretor-geral da ESPN no Brasil, em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte.

Para o jogo que deu o quinto título europeu para o Barcelona, a ESPN enviou uma delegação de 20 profissionais, entre jornalistas e parte técnica. O trabalho foi “facilitado” pelo fato de parte da delegação já estar envolvida na cobertura das finais das Copas da Inglaterra, Alemanha e do Rei (Espanha), exibidas pela emissora uma semana antes.

Apesar da perda do carro-chefe da grade de programação, o executivo afirma que há outros eventos nos quais o canal conseguiu vincular sua imagem. “A ESPN tem uma marca muito forte atrelada ao futebol europeu e aos esportes americanos”, afirma Von Hartenstein, lembrando a crescente popularidade da NFL (liga de futebol americano) no país.

A saída da Liga dos Campeões da grade de programação, porém, pode resultar em um impacto negativo sobre o principal objetivo do canal fechado nos últimos anos: o aumento de audiência.

“É inegável a importância que a Uefa Champions League tem até pelo número de jogadores brasileiros que atuam. Mas vamos continuar acompanhando o torneio, trazendo análises relevantes. Também teremos a Liga Europa”, conta o executivo, que já faz campanha para a próxima negociação dos direitos de transmissão da liga.

“Quando esses três anos passarem, estaremos interessados em ter a Uefa Champions League de volta”, acrescentou.

O QUE MUDA NO MERCADO?
Ponto: Mudança de direitos da Liga é saudável para o mercado
Contraponto: Público da TV fechada viverá uma nova – e dura – realidade

Com o aprimoramento dos mecanismos de medição de público na TV por assinatura e o aumento da gama de assinantes, as emissoras passaram a priorizar o ibope, como forma de atrair os anunciantes. Segundo dados da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura), 7,5 milhões de lares tinham TV fechada em 2009. Cinco anos depois, esse número atingiu 19,5 milhões, o que representa um incremento de 160%.

“Tivemos um aumento de audiência de 100% de 2014 em relação a 2013. Neste ano, já conseguimos mais de 40% de aumento de público sobre o ano passado”, contabiliza Von Hartenstein.

Entre as estratégias do canal fechado estão priorizar programas ao vivo com debates de futebol e a contratação de ex-jogadores, ídolos de algumas das principais torcidas do país, como “embaixadores”. O plano, bem-sucedido na prática, recebe críticas até de seus profissionais. Uns dizem estar insatisfeitos com a primazia absoluta dada ao futebol, deixando as outras modalidades escanteadas, a um ano da Olimpíada do Rio de Janeiro. Outros reclamam da quantidade de ex-atletas contratados, em detrimento dos jornalistas.

“Trouxemos ex-jogadores importantes para a cobertura da Copa do Mundo e foi um diferencial da ESPN. Aquilo enriqueceu muito a cobertura. O fã de esportes gosta muito de ver seu ídolo dele na TV”, rebate Von Hartenstein, cuja última contratação importante foi a do meia Alex, ex-Palmeiras.

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