Segunda maior feira de calçados do mundo, a Couromoda espalha 1.100 empresas pelos 80 mil metros quadrados do pavilhão de exposições do Anhembi, em São Paulo. O evento tem proporção igual à do ano passado, mas existe uma grande diferença entre as duas edições: as marcas esportivas com maior participação no mercado sumiram. As exceções são as empresas controladas pelo grupo Vulcabrás/Azaleia, companhia que administra a Reebok no Brasil e detém a Olympikus. Seu estande manteve o porte de anos anteriores e apostou no esporte para atrair atenção ? na segunda-feira, primeiro dia da Couromoda, estiveram presentes no espaço o técnico Bernardinho e os jogadores Fabi, Bruninho, Escadinha e Giba, da seleção brasileira de vôlei. ?A Couromoda é, foi e vai continuar sendo importante para nós. Nós somos uma empresa de calçados, e na feira temos uma oportunidade para conversar diretamente com os lojistas. Sempre fizemos grandes negócios aqui?, disse Tullio Formicola Filho, diretor de marketing esportivo do grupo Vulcabrás/Azaleia. Adidas, Nike e Puma, três das principais marcas mundiais do segmento esportivo, não costumam participar de feiras como a Couromoda. A diretriz é mundial e tem raras exceções ? as três já não estavam na edição anterior da exposição brasileira. Contudo, o que chamou atenção foi a saída de outras companhias em 2010. Em comparação com o ano passado, a Couromoda perdeu estandes da Penalty, da Diadora, da Alpargatas (Mizuno e Topper) e do grupo Dass (Fila, Try On e Umbro). Isso sem falar na Kappa, que até a temporada anterior fazia parte do grupo Dass no Brasil e agora está sem representante no país. O mais curioso dessa debandada é que não houve um movimento organizado ou uma percepção de mercado que afastou as marcas da feira. As explicações se dividiram entre problemas ou estratégias, mas todas partiram de decisões internas e individuais. A Cambuci SA, por exemplo, não montou um estande da Penalty porque resolveu investir em um showroom exclusivo para a marca. O grupo esteve presente na Couromoda, mas apenas com a Stadium, sua linha mais popular ? a Penalty também foi representada pela Pacific, sua parceira em licenciamento para bolsas e mochilas. Outras empresas optaram por um formato de parceria para fazer parte do evento. É o caso da Speedo, que não montou um estande próprio, mas expôs produtos em parceria com a Grendene (calçados) e a Zona Livre (toda a linha). A Zona Livre, aliás, é responsável por alguns dos casos mais curiosos da feira. A rede de lojas de artigos esportivos utiliza seu estande para montar pequenos boxes de marcas parceiras. A diferença é que as vendas são centralizadas pela dona do espaço. O interior do estande da Zona Livre possui, por exemplo, boxes para Adidas e Spalding ? a GVD, parceira da marca de basquete no Brasil, também não a levou para seu espaço de exposição em 2010. ?Nós não temos algumas marcas expressivas neste ano, mas acreditamos que seja uma questão moment”nea de mercado. Não foi por resultado, e isso eu posso falar porque conheço as pessoas das marcas e porque estive conversando ontem [segunda-feira] com o pessoal da Reebok e da Olympikus. A feira gera grandes negócios, mas houve um ajuste de estratégia?, disse Jeferson Santos, diretor da Couromoda. Chama atenção também o momento em que ocorre essa retração do esporte no evento. O Brasil foi confirmado como sede da Copa do Mundo de 2014 e o Rio de Janeiro receberá as Olimpíadas de 2016, fatores que têm aumentado o interesse global pelo esporte nacional. ?Nós acreditamos que todas as marcas crescerão nos próximos anos, porque o país estará em evidência no esporte?, completou Souza. Além de estratégias de lançamentos e showrooms individuais, algumas empresas articulam a criação de uma feira exclusivamente voltada ao mercado de confecções esportivas. O evento deve acontecer em Gramado (RS), no mesmo espaço que abriga a Feira Nacional da Indústria da Moda de Inverno (Fenim). E com tantas empresas fora do circuito, marcas menores ganharam espaço na Couromoda deste ano. O principal exemplo foi a Dal Ponte, que aumentou seu estande e reforçou uma aposta no evento. ?Nós participamos há 11 anos, e temos a feira como espaço para lançamentos de coleção. Essa saída de algumas marcas é até uma oportunidade?, analisou Vírginia Dal Ponte, responsável pela marca. ?A Couromoda é a principal vitrine para o nosso marketing. Nós investimos tudo que temos no desenvolvimento de produtos bons, bonitos e baratos, e apostamos muito nessa oportunidade de conversar com os lojistas?, completou Marcos Caetano, do setor de vendas e marketing da Dray.
Estratégia afasta esporte da Couromoda
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