Os cegos podem “ver” as partidas da Eurocopa a partir de descrições em áudio disponíveis em fones de ouvido nos estádios da França. O serviço oferece todo tipo de informação, como o penteado dos jogadores, inscrições em faixas no estádio e as bandeiras das equipes.
“No sábado, fui assistir ao jogo Bélgica x Portugal, em Bordeaux. À beira do campo, consigo distinguir os jogadores. Mas nas arquibancadas sem o áudio, não poderia ‘ver’ nada”, contou Jérôme Cambier, um torcedor cego, de 30 anos, em entrevista à France Presse.
Esse serviço gratuito foi disponibilizado em francês pela Uefa através do Café (Centro de Acesso ao Futebol Europeu).
A iniciativa foi aprovada pela Federação de Cegos da França e posta em prática por uma ONG belga, a ASA, que tem grande experiência no Campeonato Belga. O belga Jean-Marc Streel e o francês Charly Simo formaram uma equipe que se divide em todos os estádios da Eurocopa para oferecer o serviço.
“São todos estudantes de jornalismo, voluntários, que se submeterem a uma formação de dois dias em Paris nas últimas semanas antes de treinar em partidas da Liga 1 da França em Paris e em Marselha”, contou Streel, jornalista da TV belga.
“As descrições em áudio ‘substituem’ os olhos das pessoas que têm uma diminuição visual e lhes permitem estar nas arquibancadas graças a uma descrição o mais precisa possível das fases de jogo, do ambiente e de outros elementos úteis para sentir o evento”, acrescentou ele.
Os comentários são transmitidos através de um sistema sem fio. A Uefa reservou uma frequência FM destinada ao serviço. Os deficientes visuais contam que esse tipo de transmissão é diferente dá feita pelo rádio.
“Os comentaristas me dão todas as informações que faltam em nível visual. O terreno se divide em zonas para que isso nos permita saber onde está exatamente a bola. No final, assistimos ao jogo como todos os outros torcedores”, define Kevin Vanderborght, 32, um dos usuários do serviço.
Kevin integrou um grupo de cegos belgas que assistiu à vitória de sua seleção obre a Irlanda, por 3 a 0, no sábado passado, pelo Grupo E. “Pessoalmente, coloco o fone em uma só orelha. Uso a outra para escutar o clima ao meu redor”, completa ele.