Principal lutador de MMA do país, Anderson Silva decidiu criar uma agência para cuidar de sua imagem. Fruto do relacionamento com a ICM Partners, agência americana voltada para a indústria do cinema, ele montou a Spider, que é atualmente a responsável por cuidar de seus negócios.
O primeiro trabalho está sendo planejar a comercialização de propriedades de Silva para a luta contra Nick Diaz, em 31 de janeiro de 2015.
“Quem está cuidando de tudo é a minha própria empresa. Estamos hoje fazendo uma reestruturação em tudo na Spider, e a ICM está dando todo o suporte para fazer isso com propriedade”, afirmou o lutador em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, concedida após a conversa com jornalistas realizada na tarde de terça-feira (dia 14).
O trabalho da nova agência não elimina eventuais negócios com outras empresas do ramo. Antes, Silva tinha acordo exclusivo com a 9ine, que tem Ronaldo como um dos sócios. A agência segue trabalhando com ele, mas sem exclusividade. Um contrato feito por ela, por exemplo, é o de publicidade com a Duracell.
Com a Spider, a proposta é ampliar o leque de patrocinadores, enfatizando a força da imagem do lutador.
Confira a seguir a entrevista com Anderson Silva.
Máquina do Esporte: O que representa para você essa volta às lutas após a grave contusão?
Anderson Silva: Para minha pessoa representa tudo. Minha vida é lutar. Eu amo lutar. Depois de tudo que eu passei este ano, poder voltar e fazer bem, é uma coisa fantástica. Aprendi a dar valor para algumas coisas que eu já dava, mas que havia ficado esquecidas.
ME: Mas você precisava voltar a lutar? Na entrevista coletiva você afirmou que a família é contra sua volta…
AS: Não precisava voltar, porque eu não tenho problema financeiro. Estou lutando porque eu gosto, não por necessidades financeiras.
ME: Como está o trabalho fora dos ringues para essa volta? A gestão dos contratos publicitários envolvendo a luta? Você continua com o acordo com a 9ine?
AS: O único patrocinador que eu tenho e está comigo desde o começo é a Budweiser. Tenho uma ótima relação com eles, que já está durando alguns anos. Quem está cuidando disso é a minha própria empresa, a Spider. Tenho relacionamento com a 9ine, mas não é mais nada exclusivo.
ME: Como é o foco do trabalho com a Spider? Você que cuida do negócio?
AS: Estamos fazendo uma reestruturação em tudo na Spider. A ICM (ICM Partners, agência focada no gerenciamento de imagem e carreira de celebridades do cinema e que em fevereiro assinou contrato com Anderson Silva) está dando todo o suporte para fazer isso com propriedade para poder realizar o que a gente deseja.
ME: E o que você deseja?
AS: Eu quero poder dar alegria para o meu país e ser reconhecido como uma pessoa vencedora, que conseguiu alcançar coisas importantes na vida. E pretender fazer o que a gente quer, que é se associar grandes marcas à minha imagem, como acontece por exemplo com a Duracell, que é uma marca para quem fiz publicidade. Em resumo, é associar à minha imagem e fortalecer isso, esse relacionamento com as marcas.
ME: Você pode ser considerado, dentro do Brasil, uma marca mais forte que o UFC?
AS: Acredito que tudo o que a gente conquistou e já fez dentro do esporte em conjunto com o UFC deu respaldo para que pudesse transformar a marca Anderson Silva em uma marca muito forte dentro do país. Sou um cara do povo, saí do nada, sou um pobre e que batalhou para conquistar algo. É uma história que serve de exemplo para muita gente. E lógico que a gente, junto com o UFC, ajudou a difundir essa imagem.
ME: Todo esse movimento, de ter a própria agência e estudar artes cênicas, já pode ser visto como um primeiro passo para a transição de carreira?
AS: Estou muito bem focado no que eu quero daqui para a frente. Não tenho nenhuma pretensão de me aposentar. Quero terminar meu contrato e já pode renovar. Ainda quero estar trabalhando com as lutas por mais uns seis, sete anos.
ME: Alguns lutadores têm se queixado muito sobre a falta de apoio que recebem do UFC. Como é sua relação com a liga?
AS: Vou falar a minha opinião e a minha visão sobre negócio. Acho que o negócio só é bom quando ele é bom para os dois lados. Quando eu tenho algum problema em relação a contrato ou algo que eu não esteja contente, eu junto minha equipe, a gente senta, conversa e marca uma reunião com o Dana White (CEO do UFC). Isso quando eu mesmo não pego o telefone e falo pessoalmente com ele. Acho que quando você senta, conversa, debate, discute e chega num denominador comum, você está de acordo com tudo o que está no contrato. Eu não posso reclamar porque tudo o que eu e meus empresários pedimos, a gente conseguiu chegar a um denominador comum. E, quando você faz o contrato que ambas as partes estão de acordo, não tem porque reclamar.
ME: Você tem planos de lançar sua biografia nos Estados Unidos?
AS: A ICM está tomando conta disso por lá. Eles estão achando uma companhia que tenha o respaldo para traduzir o livro nos Estados Unidos. Além disso, tem companhias de cinema que estão interessadas em transformar o livro em filme. Estou muito feliz com o que está sendo feito. Temos de sempre correr atrás do ouro.
ME: Para terminar, a ideia da Spider é ter outros atletas agenciados?
AS: Por enquanto estou usando a Spider para trabalhar minha imagem e a captação de patrocínios para mim. A gente tem esse projeto, mas é algo que antes a empresa precisa ficar bem estruturada, para então mostrar para o mercado e para as agências as possibilidades.