Falta de ídolos impede “boom” de futebol nos EUA

Landon Donovan, referência solitária no futebol norteamericano

Landon Donovan, referência solitária no futebol norteamericano

A seleção brasileira enfrenta na noite desta terça-feira (10), na primeira partida com Mano Menezes como técnico, os Estados Unidos, potência mundial em termos econômicos reconhecida pelo profissionalismo das ligas de basquete, beisebol e futebol americano. Futebol, há pouco tempo, era esporte de mulheres e crianças. Era.

“O novo posicionamento do futebol nos Estados Unidos é absolutamente positivo”, avalia Eduardo Morato, diretor da agência Off-field. O especialista em ativação está em viagem de negócios ao país e se diz impressionado com as parcerias que norteamericanos têm feito para impulsionar a modalidade. “Eles querem fazer clínicas no Brasil e trazer clubes brasileiros para pré-temporada”, aponta.

Para clubes europeus, o país já se tornou o ambiente propício para preparar equipes e gerar renda. Na atual pré-temporada, Real Madrid, Manchester United, Manchester City, Internazionale, Tottenham, Sporting, Benfica, Milan e Panathinaikos já trocaram a Europa pela América do Norte para angariar novos fãs e ampliar possibilidades de negócio.

A favor da inclusão do futebol nos Estados Unidos, está o profissionalismo já encontrado em outras modalidades. “Eles têm base no esporte e sabem trabalhar com marketing muito melhor que nós”, argumenta Moratto.

O diretor vê nas empresas, sobretudo, a utilização do futebol como plataforma para expansão. “Volkwagen, Toyota e American Airlines são exemplos de companhias que estão investindo e é um sonho nosso que nossas empresas ativassem o patrocínio como eles fazem, com camarotes, promoções, suítes”, ressalta.

Pode-se considerar que há potencial em solo norteamericano para o futebol porque, segundo João Henrique Areias, especialista em marketing esportivo, eles possuem consistência em três áreas, organizadas em pir”mide: formação de jogadores, na base, estádios e infraestrutura, no centro, e ídolos, no topo, onde ainda há carência.

Sobre a difusão da modalidade entre categorias de base, Areias revela que o próprio filho pôde estudar no país, em Miami, devido à bolsa de estudos que recebeu por causa do futebol. “Eles também têm regras de recrutamento de jogadores estrangeiros, salary cap, enfim, uma série de normas para manter o equilíbrio”, afirma.

No que diz respeito aos estádios, o palco do amistoso entre Brasil e Estados Unidos, New Meadowlands, é um exemplo, apesar de não possuir projeto arquitetônico vistoso. Em investimento de R$ 2,8 bilhões, a arena possui 82,5 mil lugares, 2,1 mil televisões espalhadas pelas dependências, dois telões de 35 metros de altura e até uma estação de metrô instalada dentro do local.

“Eles sabem fazer dinheiro com marketing, bilheteria, já possuem ligas bastante profissionais, clubes-empresa”, diz o especialista. “Os Estados Unidos já são um bom negócio e temos de aprender com eles”. Vale lembrar, contudo, que a primeira tentativa de introduzir o futebol, já na década de 70, fracassou. Os norteamericanos levaram craques como Pelé e Beckenbauer, mas não souberam criar divisões equilibradas e tentaram criar novas regras.

A contratação de estrelas, à época, tinha como objetivo suprir o topo da pir”mide citado por Areias, movimento que tem se repetido atualmente. O francês Thierry Henry e o mexicano Rafael Márquez, por exemplo, deixaram o espanhol Barcelona para atuar em solo norteamericano.

Apesar do bom desempenho na Copa do Mundo de 2010, porém, a única referência norteamericana ainda é Landon Donovan, meio-campista de 28 anos. Assim que surgirem mais ídolos, espera-se, o futebol nos Estados Unidos deve explodir. “Em pouco tempo eles estarão entre as potências da América, junto a México, Brasil, Argentina e Uruguai”, finaliza Areias.

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