Feijoada e Rio-2016 moldam Fla olímpico

O Flamengo é campeão sul-americano de basquete, mas não consegue regularizar a folha de pagamento de seus atletas. A lista de ginastas do clube carioca conta com atletas renomados, como Jade Barbosa e os irmãos Daniele e Diego Hypólito, mas a modalidade vislumbra cenário igualmente complicado no quesito financeiro. Com dificuldade para manter seus esportes olímpicos, a diretoria rubro-negra demonstra otimismo. Tudo por conta de um projeto baseado pequenos eventos e na candidatura do Rio de Janeiro ao posto de sede das Olimpíadas de 2016. O projeto olímpico da cidade tornou-se um trunfo para o Flamengo. O Comitê Olímpico Internacional decidirá em outubro deste ano a sede dos Jogos de 2016 ? as outras candidatas são Chicago, Madri e Tóquio ?, e a diretoria rubro-negra acredita que o projeto brasileiro prescinde de uma política para o desenvolvimento de atletas no país. ?Isso é uma situação muito clara no Rio. Depois da década de 1960, quando a capital se mudou para Brasília, tivemos uma decadência social, política e econômica. As empresas saem daqui e vão para outros estados. Com isso, com exceção do futebol, hoje você pode contar nos dedos os atletas de alto nível que estão no Estado. Só temos a Daniele, o Diego e a Jade, que quase foram embora e só ficaram porque a prefeitura de Niterói os absorveu. O Flamengo é o único time carioca na liga nacional de basquete, enquanto São Paulo tem sete representantes. O vôlei daqui tem só o Rexona, que não é realmente do Rio e está aqui por acaso. O Rio de Janeiro acabou e nós precisamos perguntar ao prefeito se é possível sediar uma Olimpíada assim?, questionou João Henrique Areias, vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo. A constatação de que o esporte olímpico do Rio de Janeiro não pode ser dissociado do projeto que a cidade montou para 2016 levou dirigentes de equipes, representados pelo Conselho de Clubes Formadores de Atletas (Confao), a algumas reuniões com o prefeito Eduardo Paes (PMDB). Os encontros tiveram como tema a estruturação de uma política pública para auxílio a modalidades que possuem menos espaço na mídia. ?Nós até conseguimos algumas coisas quando estamos perto de competições grandes, como as Olimpíadas, mas o complicado é manter depois. A Caixa [Econômica Federal] vai encerrar o patrocínio ao Diego [Hypólito] porque o esporte tem pouca visibilidade. Ele tem um salário razoável, treina no Flamengo, mas as grandes conquistas acontecem com a seleção. Foram duas medalhas no Mundial, mas ninguém falou no nome do clube ou da Caixa. Assim fica complicado?, reclamou Areias. O primeiro apoio público ao Flamengo nessa investida recente foi oriundo da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj). Responsável pela administração de instalações esportivas públicas, a entidade reduziu as cotas que o clube paga para utilizar o ginásio Maracanãzinho. Além do apelo ao Estado, o Flamengo tenta se estruturar internamente para viabilizar os esportes olímpicos. O clube rubro-negro já dá como certo um apoio da rede de loterias Loterj a seu time de basquete e busca agora contratos de serviço. Nos próximos dias, a diretoria espera anunciar acordos com uma bebida isotônica (Gatorade, provavelmente) e um plano de saúde (Amil e Unimed são as candidatas mais fortes). Outra resolução interna é a realização de eventos de pequeno porte para a arrecadação de fundos. O Flamengo planeja jantares e feijoadas para criar um fluxo de caixa e ajudar na arrecadação dessas modalidades. ?É uma coisa entre amigos, bem mais pessoal. Muitos podem até falar que isso não é marketing, mas arrecada dinheiro e é disso que nós precisamos no momento?, encerrou Areias.

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