A Copa do Mundo de 2014 pode ter representado o último ano de bonança da Fifa. A pouco mais de um ano de uma nova Copa, a entidade máxima do futebol mundial revelou um prejuízo recorde de US$ 369 milhões, causado em boa parte pelo reflexo do escândalo que levou ao afastamento do presidente Joseph Blatter e à perda de patrocínios com grandes marcas globais.
Na última sexta-feira, a entidade divulgou o relatório financeiro referente a 2016. Nele, o atual presidente, Gianni Infantino, condena os erros da antiga gestão pelo prejuízo recorde atual.
“A estagnação da economia mundial e a redução do investimento, aliadas às investigações a antigos dirigentes colocaram sob pressão as contas”, disse o relatório assinado por Infantino.
A Fifa tem gasto, atualmente, cerca de 50 milhões de euros com advocacia. Os custos são reflexo das investigações feitas sob os contratos da entidade assinados ainda na Era Blatter. Entre os erros da gestão anterior apontados por Infantino estão a construção de um hotel próprio e museu do futebol, na Suíça.
Além disso, a Fifa tem tido dificuldade em vender patrocínios para a Copa do Mundo de 2018, que será na Rússia. Apesar de ter anunciado a chinesa Hisense na quinta-feira, são apenas três os patrocinadores do torneio. Só como base de comparação, nesse mesmo período do ano, em 2013, a Fifa tinha oito parceiros oficiais da Copa do Mundo no Brasil, além de seis apoiadores locais, algo que ainda não existe para o torneio na Rússia.
Antes do escândalo que abalou a entidade e derrubou toda a cúpula de dirigentes, a Fifa pretendia inaugurar uma nova forma de vender patrocínio para o Mundial. Em vez de comercializar as cotas mundialmente, ela setorizaria as regiões, fazendo a venda por continente. Assim, esperava-se faturar com direitos locais de patrocínio, algo que antes era restrito ao país-sede do Mundial.
Os planos, porém, acabaram depois que houve a troca no comando da Fifa. Os danos causados pela perda de patrocinadores e pelo escândalo de corrupção (pouco após a prisão de dirigentes, Sony e Emirates deixaram a entidade; além disso, dos parceiros da Copa, apenas dois continuaram em relação a 2014) fizeram com que a venda de pacotes regionais fosse cancelada.
Para 2018, a expectativa da entidade é aumentar a arrecadação pela venda dos direitos de transmissão da Copa. A expectativa é de entrada de US$ 1 bilhão com a venda dos direitos de TV, o que deve devolver a lucratividade para a Fifa no ano que vem.