A Liberty Media, empresa gestora da Fórmula 1, conseguiu usar a seu favor a futura disputa presidencial no Brasil para colocar Rio de Janeiro e São Paulo em rota de colisão e, assim, barganhar o melhor negócio possível para manter a categoria de automobilismo no país nos próximos anos.
Na última segunda-feira (24), Chase Carey, CEO da Fórmula 1, esteve reunido com o presidente da República, Jair Bolsonaro, o governador do Rio de Janeiro e os donos do futuro autódromo que será construído na região de Deodoro. Após o encontro, Bolsonaro disse que o Rio deverá abrigar a F1 a partir de 2021 “para o bem do Brasil”, já que o autódromo não terá investimento público para ser construído e, a princípio, a corrida no local seria garantida pela iniciativa privada. Segundo o presidente, a volta da prova ao Rio estaria “99% certa”.
No dia seguinte, porém, Carey desembarcou em São Paulo, onde se reuniu com o governador João Doria Jr. e o prefeito da cidade, Bruno Covas. Após o encontro, Doria, que não esconde de ninguém o desejo de ser candidato a presidente da República em 2022, afirmou que o estado não deixará de abrigar a categoria e que usará recursos privados para manter o evento na capital paulista. Na entrevista, Doria ainda atacou o Rio de Janeiro e disse que São Paulo sabe fazer investimento privado em órgão público, citando o Museu da Língua Portuguesa, comparando-o com o Museu Nacional, no Rio, que pegou fogo e ainda não foi reconstruído.
Em meio à disputa de egos numa corrida presidencial, a Liberty Media deve conseguir que o Brasil passe a pagar uma taxa de R$ 20 milhões para ter o direito de abrigar a F1. Há alguns anos, São Paulo fez um acordo para que a taxa não fosse paga e a cidade continuasse a receber a competição. O negócio, porém, foi fechado com Bernie Ecclestone, antigo chefão da categoria.