Franquias opõem marketing e financeiro no Palmeiras

Walter Munhoz (à dir.) ameaçou sair do clube durante o processo

Walter Munhoz (à dir.) ameaçou sair do clube durante o processo

A escolha pela Meltex para gerir a futura rede de franquias causou, no Palmeiras, disputa interna entre vice-presidência financeira, comandada por Walter Munhoz, e diretoria de marketing, coordenada por Rubens Reis. Durante o processo de análise das propostas, houve até ameaça de demissão do dirigente das finanças do clube.

Diante da concorrência com a vencedora, a SPR Franquias, a outra empresa envolvida nas tratativas, montou estratégia para interromper o leilão que havia surgido. A companhia soube da oferta feita pela rival e decidiu fazer outra, R$ 1 milhão superior, que seria apresentada de última hora ao Conselho de Orientação e Fiscalização (COF).

O órgão havia sido acionado pelo presidente alviverde, Arnaldo Tirone, para que se posicionasse a respeito das ofertas feitas. Até aquele momento, o financeiro havia apoiado a Meltex, e o marketing, a SPR. No entanto, quando a proposta derradeira da última empresa chegou ao órgão, Munhoz a impediu aos berros, ameaçando deixar o cargo.

O vice-presidente já havia feito várias projeções financeiras de ambas as propostas anteriormente, e a decisão de Tirone era de que as últimas ofertas seriam feitas no mesmo dia, com envelopes fechados, e nesse caso a Meltex seria a vencedora. Por essa razão, caso a estratégia da SPR vingasse, Munhoz se sentiria desvalorizado.

A atitude do responsável pelas finanças do Palmeiras ganhou amparo do presidente. “Depois que as duas empresas já haviam se apresentado, uma delas decidiu que faria outra proposta, e aí tudo perderia toda a honestidade”, avalia Tirone à Máquina do Esporte. “Se não tivermos ética nas escolhas, perderemos credibilidade”.

Diante desse cenário, no qual a área de finanças conseguiu emplacar a oferta que julgava superior, quem teve prejuízos foi o marketing, incumbido pela SPR de entregar a oferta final na reunião do COF. O relatório feito pelo departamento, ao qual a reportagem obteve acesso, indicava a empresa perdedora como amplamente mais vantajosa.

A demanda por escolher uma parceira para a gestão das franquias fez com que o marketing realizasse longa pesquisa de mercado. O comitê composto por Rubens Reis, Marco Polo Del Nero Filho e Bruno Frizzo, sendo que o último se isolou internamente e não participou das decisões, consultou lojistas, shoppings e clubes rivais.

O departamento ainda sugeriu que o Palmeiras negociasse valores como garantias mínimas diretamente com a atual derrotada. “Caso se entenda que o valor inicial proposto pelas empresas tem um peso significativo para a decisão, sugerimos que a SPR seja convidada a equiparar a proposta da Meltex”, consta no relatório.

Os principais argumentos do marketing para favorecer a oferta da SPR estiveram ligados à experiência da companhia nesse nicho de mercado. As franquias de Corinthians, São Paulo e Vasco já são administradas por ela, e inclusive números desses negócios foram incluídos para dar consistência à indicação feita pelo departamento.

A política do clube, por fim, pesou na decisão. Nas últimas reuniões do conselho palmeirense, estiveram presentes apenas correligionários do ex-presidente Mustafá Contursi, que desde o princípio se manifestou internamente contra a SPR. A ala de Affonso Della Monica, também ex-presidente e favorável a ela, ausentou-se das reuniões.

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