Governo gabonês coloca esporte em segundo plano

Casas, hospitais e estradas. Essas são as três prioridades do governo do Gabão para desenvolver o país nos próximos anos. Com 80% da receita originária da exploração de petróleo, o Gabão tenta agora desenvolver novos setores da economia. Nesse contexto, porém, o esporte está longe das prioridades do governo comandado pelo ditador Ali Bongo Odimba.

O plano “Gabão Emergente”, que direciona os investimentos no país, priorizará nos próximos quatro anos a construção de bairros planejados para atrair a população local e ajudar no desenvolvimento do país. Nos projetos, porém, a construção de espaços públicos para a prática esportiva não tem sido abordada.

Oficialmente o governo gabonês afirma que há o interesse em desenvolver o esporte no país, mas primeiramente o foco estará na melhoria em infraestrutura e em outros projetos, especialmente nas áreas de educação e saúde, estabelecidas como prioritárias por Ali Bongo.

Com cerca de 1,5 milhão de habitantes, o Gabão tem na capital, Liberville, a concentração de cerca de 40% da população. A cidade, porém, não conta com transporte público (as viagens são feitas em táxis e vans compartilhadas entre as pessoas) e não há planejamento de ocupação do solo. A maioria das pessoas ocupa irregularmente os terrenos e constroem muitas vezes casas de madeira para morar.

O primeiro bairro planejado de Libreville está sendo entregue exatamente na região em que foi construído o Estádio da Amizade, com capacidade para 40 mil pessoas. Até mesmo nessa região o desenvolvimento da prática de atividades físicas não é prioridade, sendo hoje a principal preocupação do governo com o esporte atrair novos grandes eventos para conseguir tornar o estádio superavitário.

O Gabão tem uma liga de futebol local que é promovida pelo governo. Além disso, há uma grande competição continental de ciclismo chamada “La Tropicale Amissa Bongo”, também promovida pelo departamento responsável pelo desenvolvimento do esporte no país. O La Tropicale cruza seis cidades do país por mais de 800km de estradas e tem como grande atrativo contar com 15 equipes de amadores e profissionais que competem simultaneamente. Apesar disso, não há planos para a construção de ciclovias nas cidades gabonesas.

* O repórter viaja a convite do Gabinete Presidencial do Gabão

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