Governo usa Fiat para emplacar Arena Pernambuco

Patrocínio da montadora estaria condicionado a uso do novo estádio

Patrocínio da montadora estaria condicionado a uso do novo estádio

A Fiat irá construir a segunda fábrica no Brasil e escolheu Pernambuco para recebê-la. Com investimento estimado em até R$ 4 bilhões, a montadora italiana pretende se “pernambucalizar”, e para tanto irá investir em futebol. Mas quem está ansioso pela chegada da multinacional não são os clubes, e sim o governo do Estado.

Desde o início da construção da Arena Pernambuco, futuro estádio de 46 mil lugares a ser concebido na região metropolitana da capital Recife, orçado em R$ 465 milhões, o estafe do governador Eduardo Campos está tentando convencer Sport, Náutico e Santa Cruz a deixar seus respectivos estádios para jogar na nova arena.

A ideia do governo pernambucano, entretanto, tem sido rejeitada sucessivamente por todos os três grandes clubes daquele Estado. Diante das recusas, então, a chegada da Fiat representa novo capítulo nessas tentativas. O poder público está tentando condicionar o patrocínio da companhia ao uso da Arena Pernambuco.

Procurado pela Máquina do Esporte para comentar a informação, Zeca Brandão, coordenador da candidatura de Recife para a Copa do Mundo de 2014, não atendeu às ligações feitas pela reportagem durante toda a última quarta-feira (11). A arena almejada pelo governo e pela construtora Odebrecht deve ser entregue em dezembro de 2012.

O posicionamento da Fiat, por sua vez, se restringe ao intuito de patrocinar os clubes de futebol da região. A fabricante de automóveis confirmou que está interessada em patrocinar Sport, Náutico e Santa Cruz, preferencialmente todos eles, para conciliar rivalidades, mas que só irá iniciar os investimentos a partir do próximo ano.

Para conseguir se unir a todas as três equipes, contudo, a montadora terá de enfrentar a concorrência de outras marcas. Sport e Náutico cederam a cota máster a BMG e Bonsucesso, respectivamente, até o fim desta temporada. O Santa Cruz, em cenário mais desanimador para a Fiat, tem acordo com a Votorantim até o fim de 2012.

Em função desse cenário, a multinacional já está procurando os clubes para demonstrar o interesse pela cota desde o início deste ano. Cledorvino Belini, presidente da Fiat no país, chegou a se reunir com Gustavo Dubeux, presidente do Sport, para conversar a respeito. Nada ficou definido, mas já há contatos estabelecidos.

“Nós também já fomos procurados e temos conversas em andamento, mas sabemos que eles vão investir apenas a partir do ano que vem, então teremos de esperar”, confirma Carlos Renato Rocha, vice-presidente de marketing do Náutico. O Santa Cruz, por fim, afirmou que irá se dedicar aos próprios patrocinadores.

Em todos os três clubes pernambucanos, a cláusula que seria incluída no contrato de patrocínio da Fiat para forçar o uso da Arena Pernambuco não é bem-vinda. Caso o governo insista na manobra para salvar o novo estádio, uma vez que a tendência mais forte é que seja abandonado após a Copa, a multinacional deve ser rejeitada.

Quais os planos da Fiat?

Incentivada a construir nova fábrica no Norte, Nordeste ou Centro-Oeste pelo governo federal, após ampliação da lei de incentivos fiscais às montadoras que investirem nessas regiões, a Fiat anunciou na última terça-feira que escolheu Goiana, no Pernambuco, para abrigá-la. A área a ser ocupada tem 14 milhões de metros quadrados.

O intuito é que automóveis comecem a ser construídos nessa nova fábrica a partir de março de 2014, segundo Cledorvino Belini, presidente da multinacional no Brasil. O investimento inicial estava previsto em R$ 3 bilhões, mas poderá ser ampliado para R$ 4 bilhões. O governador Eduardo Campos comemorou a escolha pelo Estado.

A primeira fábrica da Fiat está localizada em Betim, em Minas Gerais, e também receberá aporte de R$ 7 bilhões para que a capacidade de produção seja aumentada. A exemplo do que pretende fazer em Pernambuco, a montadora patrocinou Atlético-MG, Cruzeiro e América-MG, as três maiores equipes do Estado mineiro.

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