IBM usa Copa para testar mapeamento de pessoas nas redes sociais

A IBM vai usar a Copa do Mundo como uma espécie de pistas de testes para aprimorar um projeto que tem como objetivo criar o maior monitoramento do uso das redes sociais pelas pessoas. A ideia da empresa é desenvolver algo que não apenas veja o que está sendo comentado pelas pessoas, mas interprete o sentimento delas em relação a isso.

Apelidado de FAMA, o projeto foi demonstrado ao vivo na última terça-feira, durante Brasil 4×0 Panamá a um grupo de formadores de opinião, entre eles nossa reportagem. A goleada brasileira gerou cerca de 350 mil tweets ao longo das duas horas de partida. Na análise, o comportamento dos torcedores foi uma espécie de gangorra de sentimentos.

No geral, o jogador que teve maior percepção positiva de citações foi David Luiz. O zagueiro, que foi titular e capitão do time, foi um dos mais bem avaliados. Um de seus bons momentos foi ao dar o lançamento que originou o terceiro gol.

A análise também destacou Paulinho, que não jogou. O torcedor, muito provavelmente, fez apelos pela entrada do atleta.

O pico de citações, a maioria positiva foi quando Neymar, astro do jogo, fez o primeiro gol. A ideia da IBM com o projeto é criar um produto que auxilie empresas a mensurarem o sentimento das pessoas em relação a suas ações. Testada durante a Copa das Confederações em cinco jogos do Brasil, a ferramenta será agora colocada à prova nas 64 partidas da Copa.

A Copa do Mundo será o principal teste da ferramenta. Em 2013, na Copa das Confederações, a empresa detectou uma “falha” na análise. No jogo entre Brasil x Uruguai, pelas semifinais, o sistema detectou que o pênalti cometido por David Luiz quando o jogo estava empatado foi o momento com o maior número de citações. Só que, na análise prévia feita pelo sistema, o zagueiro estava sendo mais elogiado do que criticado pela infração cometida. E o goleiro Júlio César, que defendeu a cobrança, recebia mais críticas do que elogios. Ao fazer um novo cruzamento das informações, porém, o sistema reconheceu que o resultado era inverso. Para isso, diversos comentários de pessoas que não havia sido analisado previamente foram, então, levados em conta.

Esse aperfeiçoamento constante da ferramenta é uma das coisas que a IBM vem trabalhando. Uma equipe inteira da empresa está dedicada a analisar e estudar os resultados. A ideia, depois, é vender esse serviço de análise dos sentimentos em redes sociais às marcas e, principalmente por conta das eleições em outubro próximo, para políticos. Apesar disso, a empresa rechaça ter definido o modelo de negócios dessa unidade.

“Isso ainda vai vir a ser um produto”, resumiu Mauro Segura, diretor de marketing da IBM.

O investimento em inteligência cognitiva é considerado o negócio do futuro pela empresa. A ideia é fazer com que as máquinas tenham, cada vez mais, capacidade de interagir com os humanos e, assim, modificar alguns hábitos.

A análise do comportamento das pessoas nas redes sociais é uma forma de fazer esse trabalho. Ao filtrar os milhões de mensagens a respeito de algum assunto, a IBM consegue trazer um termômetro da opinião que está sendo formada pelas pessoas. Isso, para as marcas, vira uma informação preciosa para medir o sucesso de uma campanha ou produto.

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