Insistente, Holyfield perde potencial para patrocínios

Holyfield, à esquerda, na derrota para o russo Nikolay Valuev, em 2008

Holyfield, à esquerda, na derrota para o russo Nikolay Valuev, em 2008

O cinema imita a realidade. Às vezes, porém, o inverso acontece. Evander Holyfield, aos 47 anos, decidiu que voltará a lutar em novembro e irá desafiar Vitali Klitschko, atual campeão do Conselho Mundial de Boxe (CMB). A decisão em muito se parece à de Rocky Balboa, em seu sexto filme, quando volta aos ringues em idade avançada para enfrentar o imbatível Mason Dixon.

Ambos tiveram de se submeter à avaliação de entidades para que pudessem lutar novamente. Na ficção, Balboa, ex-campeão do mundo de pesos pesados, tem de convencer juízes de que ainda é capaz de lutar. O empresário do lutador real, por sua vez, disse ter conversado com o presidente do CMB, Jose Sulaiman, a respeito. “Ele disse que aprova Holyfield para o desafio”, revelou Ken Sanders no início de agosto.

O motivo da volta de ambos aos ringues, aparentemente, não está diretamente ligado ao dinheiro. Balboa pediu licença para lutar para se motivar e despertar o “guerreiro sem guerra”, enquanto Holyfield volta para conquistar o quinto título mundial. Em dezembro de 2008, já havia enfrentado o russo Nikolay Valuev, mas foi derrotado por meio dos jurados após doze rounds de combate.

À época, a decisão dos juízes causou polêmica e decepção entre as 12,5 mil pessoas que acompanharam a luta. Em quase todo o tempo, o nome de Holyfield foi gritado pelo público e as vaias foram inevitáveis quando a derrota foi anunciada. Contra Mason Dixon, Balboa também foi derrotado apenas pelos jurados e contou com amplo apoio da torcida.

Em relação a ambos, especula-se se são capazes de atrair patrocínios. A princípio, a visão que a sociedade tem sobre o boxe pode interferir negativamente. “É um esporte que não atrai o jovem”, explica Georgios Hatzidakis, sócio da agência Olimpia Sports. “Existem outras modalidades de luta que atraem o jovem”.

A volta de Holyfield, argumenta o especialista em marketing esportivo, poderia ser usada em ação pontual, mas dificilmente motivaria parceria mais sólida. “Sei de pessoas que tentariam fazer campanha em cima disso, mas é mais apelo de mídia e não efetivamente patrocinar”, justifica Hatzidakis. O aporte ao lutador, portanto, depende muito da filosofia da empresa.

“Estamos falando de um esporte que já não tem tanta audiência, interesse da grande mídia, dos torcedores”, completa Valdinei Fujarra, diretor da agência Fujarra Marketing Esportivo. A idade avançada de Holyfield, para o profissional, é um dos motivos que pode prejudicar a imagem do atleta nos negócios. “Trata-se de um ídolo que já passou”, pontua.

A obtenção de patrocinador ou até mesmo aportes pontuais, porém, poderia ajudar o lutador a superar difícil fase financeira. Em 2008, quando enfrentou Nikolay Valuev, Holyfield quase foi preso pela falta de pagamento de pensão alimentícia de um dos nove filhos, oriundo de um dos seis casamentos. O duelo com o russo rendeu ao norteamericano US$ 750 mil.

Sobre o potencial de Rocky Balboa para os negócios, entretanto, apenas Silverster Stallone, escritor, diretor e protagonista da obra de 2006, pode responder. Resta aos fãs da série aguardar pela sétima edição para obter a resposta.

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