Inter cai após 14 anos com o mesmo grupo político

Pela primeira vez em sua história, o Internacional de Porto Alegre foi rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro. E, diferentemente do que aconteceu com outros clubes na mesma situação, não houve no Beira-Rio um colapso financeiro que tenha resultado em uma profunda crise. Se há um fator em comum com seus colegas de queda é a manutenção do poder.

O atual vice-presidente de futebol, Fernando Carvalho, assumiu o comando do Inter em 2002, ano que o time lutou para não ser rebaixado. Desde então, o clube foi reformulado e se consagrou com dois títulos da Copa Libertadores. Ainda que tenha acontecido quebras internas, o mesmo grupo político se manteve no poder com Vitorio Píffero e Giovanni Luigi.

No sábado, o candidato da situação, Pedro Affatato, foi derrotado por Marcelo Medeiros nas eleições do clube. Medeiros fez parte do “Movimento Inter Grande”, liderado por Carvalho em 2002, mas que se distanciou nos últimos anos.

No futebol brasileiro recente, glórias em campo seguraram nomes poderosos do futebol, com gestão que culminaram no rebaixamento do time após anos de poder. Foi assim com o Corinthians de Alberto Dualib ou com o Vasco de Eurico Miranda.

A peculiaridade do Inter é a estabilidade financeira. Com Piffero, a dívida do clube caiu em quase R$ 60 milhões. As receitas pularam de R$ 253 milhões para R$ 331 milhões.

O Inter, que em 2006 chegou a ter o segundo faturamento do Brasil, hoje está apenas entre os seis primeiros. Se não é o clube de vanguarda de outrora, está longe de viver um caos de gestão.

Por outro lado, o clube cansou de errar em questões de campo e até de imagem. A ideia de diretoria pouco preparada ficou explícita neste fim de ano, quando o clube usou diversos recursos para evitar a Série B. E até o acidente com a Chapecoense foi usado com fim político, com desastrosa declaração de Fernando Carvalho, criticado até por seus próprios torcedores.

Em campo, as falhas também foram visíveis. Excessivas trocas de técnicos, com nomes questionáveis, e saída de jogadores, sem reposição à altura, prejudicaram o ano. Lesões e ambiente publicamente ruim também complicaram. 

No fim do primeiro turno, Carvalho voltou à direção do clube e proclamou seu grupo político de “Swat colorada”, que viria para salvar o time neste ano. A empáfia parece ter coroado a queda da equipe. Dentro e fora de campo.   

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