J. Hawilla explicita esquema com Ricardo Teixeira

O ex-presidente da Traffic, José Hawilla, foi um dos principais responsáveis por eclodir os escândalos de corrupção que abalaram o mundo do futebol nos últimos anos. Por isso mesmo, seu depoimento à Justiça americana, que aconteceu na segunda-feira (4), foi um dos mais aguardados de todo o andamento do processo.

E, como prometido, Hawilla detalhou a operação de propinas que rondou os direitos televisivos de algumas das principais competições do futebol. O executivo foi direto em seus negócios com três nomes famosos do futebol sul-americano: Nicolás Leoz, ex-presidente da Conmebol, Julio Grondona, ex-presidente da Associação Argentina de Futebol, e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF.

A relação com os dirigentes começou no fim da década de 1980, quando a Traffic gerenciou a Copa América. Para ter os direitos, Hawilla afirmou ter pagado entre US$ 400 mil e US$ 600 mil a Nicolás Leoz. Desde então, o dirigente passou a ameaçar o rompimento do acordo caso não houvesse o repasse financeiro.

Hawilla afirmou que o primeiro pagamento foi fundamental para o surgimento do esquema. No fim, os repasses a Leoz chegaram a US$ 1 milhão. “Eu paguei porque precisava do contrato. Foi um erro e me arrependo muito”, afirmou o empresário brasileiro durante o julgamento nos Estados Unidos.

 O curioso é a entrada de Ricardo Teixeira no esquema de Hawilla. Segundo a testemunha, o ex-presidente da CBF fazia ameaças de não colocar a seleção brasileira principal na Copa América o que, obviamente, dificultaria as vendas televisivas. Ao longo das duas últimas décadas, o cartola teria recebido US$ 10 milhões em propinas da agência.

Teixeira não seria o único. Segundo Hawilla, a compra dos direitos não era suficiente. Os dirigentes das principais confederações de futebol da América do Sul faziam ameaças de conturbar os torneios, o que dificultaria a venda dos eventos para patrocinadores e para a televisão.

As declarações nos Estados Unidos têm avançado as investigações sobre a rede de propinas que envolveu o futebol nos últimos anos. E Ricardo Teixeira não foi o único brasileiro citado diretamente nos últimos dias.

Na última semana, um dos documentos da agência argentina Torneos y Competencias mostra o pagamento de US$ 1 milhão feito a Marcelo Campos Pinto, ex-executivo da Globo. A empresa também já havia sido citada nos julgamentos anteriormente

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