O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, José Maria Marin, foi condenado em seis das sete acusações realizadas pela Justiça dos Estados Unidos. Pelos crimes, o ex-dirigente poderá pegar até 120 anos de prisão. Desde 2015, ele já estava detido no país.
Segundo a Justiça americana, Marin é culpada nas acusações de conspiração para organização criminosa, fraude financeira nas Copas América, Libertadores e do Brasil e lavagem de dinheiro nas Copas América e Libertadores. Foi inocentado apenas das negociações que envolveram a Copa do Brasil.
O julgamento nos Estados Unidos terá continuidade em 2018, quando a juíza Pamela Chen deverá dar o veredito sobre a pena a ser aplicada ao brasileiro. No entanto, por temer uma possível fuga, o país determinou a prisão imediata do ex-mandatário da CBF.
O paraguaio Juan Angel Napout, ex-presidente da Conmebol, vive situação idêntica. Nesse caso, o dirigente foi considerado culpado por conspiração para organização criminosa, fraude financeira nas Copas América e Libertadores.
Segundo o tribunal americano, José Maria Marin embolsou US$ 6,5 milhões em valores de propina. Ao todo, o país levantou que US$ 76,7 milhões foram desviados com esse fim durante as negociações de futebol nos últimos anos.
Esse valor também teria sido repassado ao atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, mas o dirigente não esteve presente no julgamento. O atual mandatário da confederação brasileira tem se recusado a sair do país, mesmo em eventos oficiais da entidade.
A condenação encerra de forma melancólica a carreira pública de José Maria Marin. Amparado pela ditadura militar, o dirigente foi associado à Arena, com discursos enfáticos a favor do regime. Em um deles, na condição de deputado federal, pediu “providências” contra o jornalismo da TV Cultura. Duas semanas depois, o diretor de jornalismo da emissora, Vladimir Herzog, foi assassinado. Sem eleição, chegou a ser governador do Estado de São Paulo no início da década de 1980.
Antes de assumir a CBF, voltou aos holofotes em 2012, quando embolsou uma medalha da Copa São Paulo de Futebol Júnior durante a premiação do torneio, na condição de vice-presidente da confederação. Na época, a Federação Paulista de Futebol, presidida por Marco Polo Del Nero, afirmou se tratar de um presente, e que a falta de medalhas para a comissão técnica do time vencedor, o Corinthians, havia sido um “erro de cálculo”.