A Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) não conseguiu explicar a um tribunal penal do Uruguai o uso de US$ 112 milhões em receitas obtidas com direitos de TV, publicidade e patrocínios de seus dois principais torneios continentais de clubes, a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana.
Segundo o auditor Ariel Frydman, entre 2010 e 2013, a Conmebol recebeu US$ 188 milhões pela Libertadores e US$ 77,5 milhões pela Copa Sul-Americana.
De acordo com ele, só foram distribuídos 54% do montante aos clubes que integraram a Libertadores (US$ 101,3 milhões) e 68% do total para os participantes da Sul-Americana (US$ 51,7 milhões). O restante do valor, um total de US$ 112 milhões, não aparece no balanço da Conmebol.
Como comparação, a Uefa, que gerencia o futebol europeu, distribui 92% dos direitos comerciais para os clubes que participam de suas duas principais competições, a Liga dos Campeões e a Liga Europa.
Os dados fazem parte de uma ação movida por clubes do Uruguai por uma maior partilha na arrecadação obtida pela entidade. O processo é contra o ex-vice e depois presidente da Conmebol, Eugenio Figueredo.
Durante os quatro anos em questão, a entidade foi liderada por Nicolás Leoz e Figueredo. Os dois estão sendo investigados pelo FBI (polícia federal dos EUA) e já tiveram pedido de extradição feito pela Justiça norte-americana. Figueredo se encontra preso na Suíça, e já teve a extradição aprovada, mas ainda cabe recurso. Leoz, por sua vez, tenta derrubar esse pedido nos tribunais paraguaios.
O processo no Uruguai é liderado pelo Peñarol e conta com a participação de mais sete clubes. Os times reivindicam o direito de processar a Conmebol em tribunal do país, apesar de os contratos da entidade serem transnacionais.
Outra alegação das equipes é que a Conmebol acertou um contrato de US$ 372 milhões por ano com a agência de marketing T&T pelos direitos comerciais de seus torneios até 2022, rejeitando um contrato muito mais vantajoso, de US$ 805 milhões por temporada, oferecido pela Gol TV. A T&T Marketing é controlada pela Fox Sports América Latina, empresa do grupo de mídia dos EUA Fox, e pela Torneos, agência de direitos esportivos da Argentina. A Fox detém 75% da empresa, restando 25% para a Torneos.