São Paulo ainda é a alternativa preferida do comitê organizador local (COL) e da Fifa, mas é cada vez mais provável que o Rio de Janeiro seja a sede da abertura da Copa do Mundo de 2014. A possibilidade foi reforçada pelo discurso do prefeito paulistano, Gilberto Kassab, nesta terça-feira.
O dirigente municipal viajou a Johanesburgo, segundo ele mesmo, “para fazer turismo”. Licenciado da prefeitura, Kassab foi conhecer a estrutura do país que organiza até o próximo domingo a Copa do Mundo. Apesar de ainda não ter agendado nenhum encontro com os presidentes do COL (Ricardo Teixeira) e da Fifa (Joseph Blatter), o prefeito disse que “pretende tomar um café” com ambos.
Kassab não revelou o intento desse “café” com Teixeira e Blatter. O mais provável, contudo, é que o prefeito articule uma movimentação política para que a Copa do Mundo de 2014 tenha abertura e decisão no Rio de Janeiro, mas que São Paulo fique com uma quantidade maior de partidas importantes (as semifinais, por exemplo).
Como já foi dito abertamente pelo secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, São Paulo tem apenas um grande problema para receber jogos decisivos de uma Copa do Mundo: o estádio. A cidade havia definido inicialmente que o Morumbi seria sua arena no torneio. Cinco projetos de reforma do espaço foram enviados à entidade que comanda o futebol mundial até que, no mês passado, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o COL anunciaram veto ao uso do local no torneio.
Nesta terça-feira, porém, Gilberto Kassab “ressuscitou” o Morumbi. “Nós ainda não descartamos [o estádio]”, sentenciou o prefeito. Depois da Copa do Mundo, a arena do São Paulo Futebol Clube será tema de uma reunião entre Alberto Goldman, governador de São Paulo e coordenador do comitê organizador do Estado, com a Fifa e Ricardo Teixeira. “Ele fará um último apelo”, completou o prefeito.
Entretanto, a possibilidade de retomar conversas sobre o Morumbi é descartada por gente ligada ao COL. O estádio chegou a ser considerado apto para receber as semifinais da Copa do Mundo de 2014, mas o projeto que teve esse parecer da Fifa teria um custo de R$ 636 milhões. Depois, o comitê paulista cogitou reduzir o investimento a um terço disso.
O discurso de Kassab sobre o Morumbi escancara outra preocupação sobre estádio em São Paulo. A alternativa é a construção de uma arena em Pirituba, periferia da Zona Norte da cidade, projeto que conta com o apoio do prefeito. O problema é que essa ideia ainda não possui qualquer garantia de viabilidade financeira.
O projeto da arena de Pirituba existe antes mesmo de o local ser considerado como alternativa para a Copa do Mundo. Trata-se de um espaço para shows e eventos inserido em um complexo multiuso. Quando o Morumbi começou a naufragar, o comitê paulista pensou em adaptar esse plano para um aparato voltado ao futebol.
Contudo, o complexo multiuso e a arena esportiva dependem fundamentalmente de aparecer alguém da iniciativa privada interessado na administração posterior. Inicialmente, autoridades de São Paulo descartam a ideia de ceder o estádio a um clube.