A Lava-Jato chegou aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Em desdobramento da operação, o Ministério Público Federal iniciou a ação “Unfair Play”, que apontou compra de votos para o evento, em rastros que envolveram verbas desviadas pelo ex-governador Sérgio Cabral.
Dois nomes foram citados como principais alvos da operação: o empresário Arthur César de Menezes Soares Filho, conhecido como “Rei Arthur”, e o presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman. Para o MP, há “fortes indícios” que o atual mandatário do COB participou ativamente do processo de compras de votos para que o Rio de Janeiro fosse sede dos jogos de 2016.
A casa de Nuzman foi alvo de uma busca e apreensão na manhã da terça-feira (05). No imóvel, foram encontrados R$ 480 mil em espécie, com cinco moedas diferentes. O dirigente não se pronunciou após se apresentar à Polícia Federal. Seu advogado negou as acusações. Já o “Rei Arthur”, acusado de repassar dinheiro a dirigentes esportivos, permanece foragido.
Um repasse do empresário Papa Diack, filho de Lamine Diack, então presidente da Federação Internacional de Atletismo, foi o gatilho para o início da operação “Unfair Play”. O documento que prova a transação data de setembro de 2009, dias antes da escolha do Comitê Olímpico Internacional pelo Rio de Janeiro.
O nome de “Rei Arthur” já foi incluído na lista da Interpol. Sua sócia, por outro lado, está no Brasil. Eliane Cavalcante foi presa em seu apartamento, na zona sul do Rio de Janeiro. Para ir atrás do empresário, o Ministério Público conta com o apoio do governo francês, com busca em imóvel no país europeu.
Na França, foram realizadas outras frentes na negociação. Para o Ministério Público do país, o ex-presidente da Confederação de Desportos no Gelo, Eric Walther Maleson, colocou outro nome famoso da política em jogo: o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Segundo o dirigente, houve pagamento de propina por meio de Cezar Miranda Reis, assessor do brasileiro.
Com a operação, Carlos Arthur Nuzman ficou impedido de sair do país. Sem passaporte, o dirigente não poderá ir ao Peru na próxima semana. O encontro do COI irá oficializar as duas próximas sedes dos Jogos Olímpicos.