A linha que separa o lícito do ilícito no marketing de emboscada é muito tênue. A barreira que divide as boas ações da publicidade barata, não. Estatísticas jogadas ao vento se encaixam na segunda categoria. O mercado precifica os eventos esportivos por várias razões, entre elas a seleção de quem vai tratar as propriedades no limite do bom senso e sem ferir a inteligência do consumidor.
Pegar a rabeira das grandes competições para promover um determinado produto é tanto comum, quanto injusto – para tratar a situação com eufemismo. Enquanto os patrocinadores desembolsam uma fortuna para associar sua marca a um evento, há quem prefira ficar na espreita, gastando valores módicos, para se aproveitar da situação. O X da questão é: em pleno 2015, com o conceito marketing esportivo mais arraigado no senso comum, as ações de emboscada sem fundamento não colam. Nem decolam.
No período pré-Copa do Mundo, a Fifa notificou 450 casos brasileiros do gênero, com algumas punições em forma de multa. Os nomes dessas empresas nunca foram divulgados e ficaram jogados debaixo do tapete. Agora, com a Copa América afogada em sua própria crise ética, a Traffic dificilmente tomará alguma atitude incisiva. E se a parte mais interessada não defende o próprio produto, o campo fica aberto para novas ações empobrecidas de conteúdo.
E a equação de quem sai perdendo fica muito fácil de ser resolvida. Não é o consumidor, nem o evento.