Ao entrar na sede da Mercedes AMG Petronas, em Brackley, Inglaterra, a poucos quilômetros da pista de Silverstone, logo se vê o entusiasmo da equipe. As faixas de “Campeão de Construtores 2014” se espalham pelo local. Dez dias antes, a vitória de Lewis Hamilton na Rússia consagrou mais uma vez um trabalho que teve início em 1998.
Naquele ano, a estrutura começou a ser montada para que a BAR (British American Racing) competisse em 1999. Depois, o time passou a ser Honda. Após a saída da marca japonesa, a primeira consagração, com título conquistado por Barrichello, Jenson Button e o nome Brawn GP. A partir de 2010, a Mercedes deixa de apoiar a McLaren e adquire a equipe inglesa.
“Muita coisa mudou. Com a Brawn GP, trabalhavam aqui cerca de 350 funcionários. Hoje, somos uma equipe de 800 pessoas”, explicou o ex-piloto e diretor-executivo da equipe, Toto Wolff.
A equipe não soube precisar o quanto já foi investido em todo o local, mas chegar ao topo da Fórmula 1 tem exigido cerca de 200 milhões de euros anuais. Alguns detalhes impressionam.
A Mercedes exibiu, por exemplo, os ônibus usados pelos engenheiros durante as provas do circuito, que se juntam e formam um centro para os profissionais da equipe. Cada veículo custou 2 milhões de euros. Havia três no local, outros estavam em viagens entre provas.
A partir do próximo ano, o gasto pode até ser maior. O contrato com a Petronas foi renovado neste ano. Entre 2009 e 2014, a empresa investia 30 milhões de euros anuais no contrato que dá nome à equipe. Na renovação, o novo valor não foi revelado, mas, com acordo de dez anos, especula-se que exista um aumento, ainda mais após o título.
A condição de campeã de construtores deve fazer com que outros acordos sejam valorizados. Com a BlackBerry, por exemplo, o contrato é fechado anualmente.
A conta alta serve para que a equipe produza a maior parte dos carros com a maior tecnologia possível. O carro da Mercedes tem 90% de suas peças fabricadas na sede em Brackley. Apenas alguns produtos são fornecidos por terceiros, como pneus e rodas. A ideia é conseguir fazer peças de modo que maximize os resultados nas pistas, além de manter o sigilo da produção.
A Máquina do Esporte chegou a ter acesso à produção do carro que deverá competir em 2015, mas, nesse caso, o sigilo é prioridade. Além de evitar passar detalhes aos jornalistas, fotos foram veementemente proibidas.
No momento, no entanto, o foco é pelo título de pilotos. Os pilotos, por sinal, fugiram do protocolo na última semana. Imediatamente após a conquista, Nico Rosberg e Lewis Hamilton compareceram ao local apenas para cumprimentar os funcionários.
O objetivo, claro, é manter motivada toda a grade de funcionários. “Aqui, qualquer detalhe pode fazer diferença. Às vezes, o funcionário é responsável apenas por uma pequena peça, que aparentemente não influi tanto. Mas se ela responder melhor do que nas outras equipes, ganhamos tempo na pista. Então preciso que todos se mantenham motivados”, concluiu Toto Wolff.
* O repórter viajou a convite da BlackBerry.