Mesmo com Pan-Pacífico, clubes ignoram ídolos

O torneio Pan-Pacífico de natação é a competição mais importante do calendário mundial neste ano. Ainda assim, o torneio teve pouca visibilidade na mídia e, mesmo com os seus esforços de contratação, Flamengo e Corinthians não conseguiram aproveitar o primeiro grande evento com as suas contrações para a modalidade.  

No início de 2010, os dois clubes entraram em uma disputa pelos principais atletas brasileiros da natação. A intenção do clube do Parque São Jorge era contar com os três nomes mais vencedores dos últimos anos: César Cielo, Thiago Pereira e Poliana Okimoto. Conseguiu fechar com os dois últimos, mas não teve o mesmo sucesso com Cielo, que assinou com os cariocas da Gávea.

Para o sócio da agência Olympia Sports, Georgios Hatzidakis, o mau uso da imagem dos clubes têm uma consequência óbvia: eles desperdiçam dinheiro. “Os clubes deveriam divulgar mais os seus atletas. Eles os patrocinam, investem, e ninguém sabe”, afirmou Hatzidakis, que sustentou que, para conseguir patrocínios, os clubes tinham a obrigação de divulgar as participações e conquistas dos nadadores.

Hatzidakis questiona o porquê de se ter atletas de ponta se não há um esforço e um planejamento para obtenção de recursos. “Não me lembro de ações do Flamengo. O que fizeram com os irmãos Hypólito (Diego e Daniele)? E não é exclusividade dos clubes focados no futebol. Pinheiros e Minas Clube são iguais”, afirmou.

Tanto Corinthians como Flamengo admitem que nada foi feito dentro do marketing para o Pan-Pacífico. No clube paulista, no entanto, o discurso foi direcionado para um planejamento em longo prazo com os atletas. Segundo diretor de esportes aquáticos corintiano, Fernando Alba, a falta de espaço na mídia, o pouco apoio da CBDA, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, e até o momento vivido pelo Corinthians prejudicam a possibilidade de uma maior exibição. “Daqui a dez dias, nós vamos apresentar um estádio. Não dá pra competir com isso agora”, afirmou Alba.

O Corinthians negocia com duas frentes para conseguir lucro com seus atletas: a imagem e o licenciamento. Para a imagem, usado em patrocínios fixos, o problema está nos valores apresentados pelas empresas até o momento. “As ofertas não agradaram. Nós sabemos o quanto vale a marca”, reitera Alba, que aposta em melhores oportunidades com a aproximação dos jogos Pan-Americanos de 2011.

Para licenciados, o clube já trabalha de forma mais efetiva. O Corinthians fechou para Poliana um contrato com uma empresa de xampu, que usará ambas as marcas e dividirá a arrecadação entre as três partes. Com a adição de Pereira, uma marca de óculos escuros também deve fechar um acordo semelhante.

Já no Flamengo, a justificativa do ‘longo prazo’ não pode ser usada. Se os atletas corintianos têm contrato até 2012, com prioridade de renovação até 2016, na Gávea César Cielo assinou para apenas 2010. Isso faz com que o Pan-Pacífico seja a única grande competição internacional que o atleta fará pelo clube, se não houver renovação.

Por outro lado, as ações para aparecerem mais para o público e para os patrocinadores não devem se restringir ao clube. Isso é o que afirma Hatzidakis, que lembra de casos recentes em que o atleta forçou a divulgação de seu patrocinador pessoal. Esse foi o caso de Cielo quando disputou uma prova com a marca TNT no peito, em uma tatuagem temporária. Outro caso citado foi o de Claudinei Quirino que, após vencer no Pan-Americano de 1999, retirou o seu uniforme da Puma para exibir sua marca pessoal, a Olympikus.

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