Mídia e incerteza guiam bola da Penalty

A meta é ousada: dirimir dúvidas sobre o ponto da quadra em que a bola toca no solo e reduzir a incidência de erros de julgamento na arbitragem do voleibol. No entanto, esse idealismo passou longe da apresentação que a Confederação Brasileira de Voleibol e a Penalty promoveram nesta quinta-feira para divulgar a bola ?d-Tech?, novo modelo desenvolvido pela empresa de material esportivo. Claramente, o lançamento tem como foco o enriquecimento da mídia na modalidade. O problema é que a produção ainda é absolutamente incerta. A expectativa da Penalty, que é a fornecedora oficial de bolas da Superliga, é utilizar a nova bola a partir da próxima edição do torneio, que tem início marcado para outubro deste ano. Contudo, essa projeção ainda depende de um acerto quanto ao custo para a implantação do recurso. O grande sonho da CBV é convencer a mídia sobre a import”ncia da nova bola e encontrar nos responsáveis pela transmissão uma parceria para a Penalty na operacionalização do novo aparato. A empresa de material esportivo já desembolsou US$ 2 milhões (R$ 4,1 milhões) em quatro anos para o desenvolvimento do produto, que tem um orçamento em torno de US$ 30 mil (R$ 61 mil) por jogo para funcionar ainda nesta Superliga. ?Esse recurso é um espetáculo?, resumiu Ary Graça Filho, presidente da CBV, sobre as possibilidades que a nova bola oferece às transmissões na TV. Assim como aconteceu na edição 2008/2009, a próxima Superliga será exibida pelos canais Sportv, com alguns jogos decisivos transmitidos em rede aberta pela Globo. O maior atrativo da nova bola é um chip em seu interior. O aparato é conectado a uma rede de seis c”meras instaladas ao redor da quadra para criar um banco de imagens em tempo real sobre as partidas. Assim, monitores podem ver se um ataque tocou dentro ou na parte externa da quadra logo depois de a esfera tocar no solo. Segundo a Penalty, uma conversa com árbitros guiou a segunda fase do projeto: o uso da imagem depois da coleta. Em vez de um monitor, os juízes de cadeira preferiram carregar um aparelho que acende uma luz verde quando a bola toca dentro ou uma luz vermelha se o ataque for direcionado para fora ? o eletrônico pode ser mantido nas mãos ou preso ao poste que sustenta a rede. A despeito de ser a finalidade, o auxílio às decisões da arbitragem não tem sido tão valorizado como as possibilidades de negócio que a nova bola oferece. Com o acompanhamento em tempo real e imagens minuciosas, emissoras de TV têm a possibilidade de usar recursos de tira-teima em tempo real. ?Há duas grandes diferenças entre essa bola e o modelo que é utilizado no tênis: o jogo não precisa parar e nós trabalhamos realmente com imagens, não com projeções. É um software baseado no visual?, explicou Fábio Vitaliano, presidente da 3RCorp, empresa parceira da Penalty no desenvolvimento do aparato. As duas companhias projetam eficiência superior a 90% no uso do objeto. Além de acabar com dúvidas e apresentar novos “ngulos, a nova bola possibilitará a confecção de um programa de estatística mais completo e preciso. Esse recurso também será oferecido aos parceiros de transmissão da Superliga. O próprio argumento utilizado por CBV e Penalty para enaltecer a nova bola tem um fundo mercadológico. A ideia de criar algo que mostrasse os replays em tempo real foi uma exigência da entidade para não aumentar os tempos de paralisação durante os jogos. ?O tênis ainda vive um problema no tempo para a transmissão na TV. O vôlei tinha algo parecido, mas evoluiu muito. Lá você perde cerca de três minutos quando um tenista protesta e pede para ver um vídeo. Por isso, só é permitido duas vezes, e muitos deixam para usar nos últimos sets como forma de descansar. Nós teremos algo em tempo real, mais fácil para ser exibido na TV e sem comprometer o andamento do jogo?, discursou Ary Graça Filho. A tentativa de convencer a TV sobre os pontos positivos da bola é justificada pela incerteza no uso do novo dispositivo. Se a Globo, parceira de transmissão, não encampar a inovação, a Penalty dependerá de outras parcerias para a implantação. Por conta disso, o uso da bola ainda é uma incerteza.

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