Quando anunciou a construção do seu estádio, o Corinthians sempre deixou claro que, pelo estudo de viabilidade realizado, a capacidade de 48 mil pessoas era o limite para a sua maximização de lucro. A ampliação do projeto para a abertura da Copa do Mundo, para 70 mil pessoas, é de sustentação inviável para o clube. A diretoria do Botafogo, no entanto, pensa diferente.
O clube carioca tenta apressar o Comitê Olímpico Brasileiro e as entidades públicas para a realização da obra de ampliação do Engenhão para 60 mil lugares. O número já estava estabelecido no projeto original, com a complementação do segundo anel das arquibancadas atrás dos gols. Hoje, a arena recebe apenas 45 mil pessoas, número inferior ao exigido pelo Comitê Olímpico Internacional para sediar as provas de atletismo em 2016.
No caso corintiano, o clube alega que, com 20 mil lugares extras, a manutenção encareceria demasiadamente. Por outro lado, o diretor-executivo do Botafogo, Sérgio Landau, rebate essa informação. “O preço de manutenção para mais 15 mil lugares não faz nenhuma diferença. O que pesa é o valor da sua construção”, reitera Landau.
O Corinthians não aceita nenhum dos dois valores. Para a ampliação, seriam gastos R$ 150 milhões além dos R$ 350 milhões previstos para o projeto para 48 mil pessoas. A exigência do clube paulista é que, caso o estádio faça a abertura, terceiros devem pagar a construção e a futura manutenção.
Já no caso botafoguense, a viabilização da ampliação não deve ser um desafio. O Estado e o COB já previam as obras e devem realizá-las sem interferência do clube do Rio de Janeiro.
O que o Botafogo almeja é que essa ampliação seja feito sem arquibancadas tubulares, mas sim um projeto definitivo e que possa entrar em fase de construção já em 2011. A intenção do clube é aproveitar o período em que o Maracanã está fechado para as obras que visam a Copa do Mundo de 2014 e fazer com que o Engenhão possa receber grandes públicos, reforçando a imagem de principal palco para jogos no Estado fluminense.
Apesar do discurso do clube, um estádio para 60 mil pessoas está longe da realidade do Botafogo. Hoje, a média de público do time no Campeonato Brasileiro é de 19 mil pessoas, número alcançado graças ao bom momento vivido pela equipe de Joel Santana. Em 2009, a média não chegou a 14,5 mil.
Com público ainda longe do ideal, até pelas necessidades de obras para o acesso da arena, prometidas para 2016, o Botafogo teve, recentemente, problemas para fazer a manutenção do local. No início deste ano, o presidente Maurício Assumpção chegou a enviar um relatório à prefeitura do Rio de Janeiro exigindo que o consórcio que construiu o estádio fizesse as reparações necessárias.
Segundo o clube, a responsabilidade de manutenção do estádio é do consórcio nos primeiros anos após a construção, realizada para os Jogos Pan-Americanos de 2007. A arena teve problemas estruturais que a sua construtora teve que reparar. Rachaduras, vazamentos e infiltrações tiveram que ser consertadas pela Odebrecht, curiosamente a mesma empresa responsável pela arena corintiana.
Já as manutenções básicas, como limpeza e trocas de cadeiras, o Botafogo garante ter resolvido o problema revendo os antigos contratos. “Havia uma série de empresas para cada área dessa função. Nós revimos todos esses contratos e reduzimos significantemente o custo de manutenção do Engenhão”, afirmou Sérgio Landau.