Entre muitos episódios lamentáveis no futebol brasileiro, a briga entre Cruzeiro e Atlético Mineiro pelos ingressos da final da Copa do Brasil merece destaque. As diretorias dos dois clubes, que há dois anos são os mais fortes do Brasil, dão um show de mesquinharia e amadorismo. Como sempre, a parte mais prejudicada é o torcedor.
A questão é simples, é conceitual: o futebol não faz sentido sem o torcedor, sem a festa, sem a rivalidade. Sem o torcedor, a máquina do esporte não gira, emperra. Não tem televisão, patrocinador, bilheteria. E, ainda assim, o futebol brasileiro insiste em excluí-lo do espetáculo de todas as maneiras possíveis. O torcedor é um consumidor absurdamente mal tratado no Brasil.
Quando os dois clubes mais fortes do Brasil pregam essa aberração no provável jogo mais importante da história do clássico mineiro, fica claro que, mesmo com estádio moderno e faturamento alto, o futebol brasileiro anda em círculos.
No meio dessa briga, o torcedor cruzeirense foi impedido de ver o time em uma final nacional. E o torcedor atleticano só verá se topar um preço absolutamente abusivo. Tudo pela incapacidade de velhos cartolas enxergarem o produto como um todo.
Tudo isso em uma das poucas cidades em que poderia haver um estádio dividido, que unisse os tempos mais românticos do nosso futebol em uma estrutura de primeiro mundo, “padrão Fifa”. Seria um evento inesquecível para cada um dos presentes. Fica pra próxima.