Na direção oposta à do Flamengo, Fluminense reduz preços para fidelizar fãs

O futebol carioca experienciou uma situação incomum no último fim de semana. O Fluminense colocou 50.687 pessoas no Maracanã na derrota para o Vitória no sábado (3), e o Flamengo, sempre dono de médias de público superiores às do rival, teve 21.082 na goleada sobre o Palmeiras no domingo. Acostume-se com este cenário. O Fluminense implementou uma nova política de preços – oposta à do Flamengo, diga-se de passagem.

Os tricolores decidiram cobrar preços fixos todos os jogos – R$ 30, R$ 20 e R$ 10, a depender da popularidade do adversário. Do outro lado da arquibancada, os flamenguistas cobram três vezes mais e aumentam os valores sempre que convém ter um lucro maior. Neste fim de semana passado, por exemplo, o tíquete médio do Fluminense foi de R$ 12,02, enquanto o do Flamengo foi de R$ 36,20. “Precisávamos resgatar a cultura do torcedor de ir ao estádio todo jogo, como antigamente, e para isso ele precisa ter condições financeiras e saber antecipadamente quanto vai custar o ingresso, mesmo que ainda limitado pela questão de a CBF e a TV determinarem as datas e os horários dos nossos jogos”, explica Carlos Eduardo Moura, gerente de arenas do Fluminense, à Máquina do Esporte.

Cada uma das políticas de preços tem vantagens e desvantagens. O Flamengo quer aumentar os ganhos com bilheterias, então se aproveita da numerosa torcida que tem e do Maracanã, recém-reformado, para jogar os custos dos ingressos nas alturas em jogos mais atrativos. É uma estratégia que gera críticas e antipatia dos fãs, mas que dá resultados financeiros. Na temporada passada, o clube teve receita líquida de R$ 16,9 milhões, um crescimento de 1010% em relação ao R$ 1,5 milhão do ano anterior. Na final da Copa Sadia do Brasil, o ápice desta mentalidade, o ingresso médio custou R$ 141,36, e entraram R$ 4,7 milhões nos cofres rubro-negros.

O Fluminense buscou outro caminho. A ideia é que o Maracanã seja um templo a ser visitado toda quarta-feira e todo domingo, religiosamente. O time fideliza os torcedores e ganha com outras fontes de receita, como sócios-torcedores e licenciamentos. Um fã que vai sempre ao estádio, por exemplo, pode ser convencido mais facilmente a ser sócio-torcedor para ter preferência na compra de ingressos e para não pegar filas. Dentro dele com maior frequência e com mais dinheiro no bolso, este fã tende a comprar mais produtos licenciados do clube. Esta estratégia ainda precisa de resultados práticos – que não devem aparecer em menos de um ano.

No último fim de semana, a diferença entre as receitas de um e de outro não foi grande. O Flamengo voltou para casa com R$ 189 mil, e o Fluminense, R$ 169 mil. Os tricolores colocaram mais do que o dobro de torcedores no Maracanã e tiveram um lucro ligeiramente inferior, então tiveram um resultado mais satisfatório do que o dos rivais nesta rodada.

Ainda que a situação mude e os flamenguistas comecem a lucrar muito mais do que os rivais, o gerente de arenas do Fluminense vê outros benefícios. “As perdas financeiras são relativas, pois ao mesmo tempo em que eu derrubo a minha arrecadação nos jogos, já prejudicada pelas inúmeras taxas cobradas, eu agrego bastante o valor da minha marca aumentando a minha média de público. Esta imagem alcança milhões que não podem ir ao estádio pela transmissão de TV. O valor agregado à marca neste sentido é enorme”, avalia Moura. Entra menos dinheiro, mas fica melhor na TV.

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