A NFL não quer que constrangimentos, como o ocorrido com a repórter mexicana Ines Sainz, se repitam entre os clubes da liga de futebol americano. Há dez dias, a jornalista da TV Azteca ia fazer uma entrevista com Mark Sánchez, do New York Jets, quando ouviu nos vestiários piadas e ofensas dos outros jogadores.
Na última semana, Clinton Portis, do Washington Redskins, resolveu fazer uma declaração sobre o episódio e conseguiu piorar ainda mais a situação. “Quando você coloca repórteres mulheres no vestiário, com 53 homens, e de repende você vê uma bela mulher, acho que os homens tendem a se virar, olhar e querer falar algo para ela”, disse o jogador a uma rádio americana. Ele ainda insinuou que mulheres nesta situação também têm interesse nos atletas.
A declaração com cunho machista não foi bem aceita entre os dirigentes da NFL, que rapidamente o repreenderam, o que valeu um pedido público de desculpas do jogador. No último fim de semana, a situação foi revista pela Liga, que declarou que passará a ministrar palestras aos clubes sobre o comportamento com a imprensa.
O episódio acontece em meio a um momento de euforia com os números da televisão americana em relação ao torneio. Há sete meses, a final do Super Bowl que consagrou o New Orleans Saints como campeão da temporada foi o programa televisivo mais assistido na história dos Estados Unidos.
A final do torneio já é tradicionalmente um dos eventos mais assistidos em todo o mundo, mas, neste ano, os bons números persistiram. O jogo de estreia da temporada entre Green Bay Packers e Philadelphia Eagles foi assistido por 28 milhões de pessoas, um recorde para uma partida de abertura. E os jogos seguintes voltaram a apresentar números semelhantes.
O retorno da temporada de futebol americano contou com um suporte de marketing de mais de US$ 50 milhões promovendo os jogos, o que incluiu um show em New Orleans com os cantores Dave Matthews e Taylor Swift. A apresentação foi assistida por 200 mil pessoas no local.
Todas as emissoras que transmitem os jogos, Fox, NBC e ESPN, têm apresentado números recordes desde o fim de 2009. Muito se deve ao incremento que as transmissões têm recebido, com qualidade em alta definição em lares onde os aparelhos de televisão estão cada vez maiores, melhores e mais acessíveis.
Esse fato acarretou, inclusive, na diminuição de vendas nos ingressos para os jogos. Os pacotes para assistir aos jogos tiveram 5% de queda em suas vendas, se comparado com a temporada anterior. A NFL espera um público 2% menor em suas arquibancadas no fim dos jogos, o que seria o pior resultado desde 1998.
Neste cenário, a NFL teme reações pejorativas como as que aconteceram com a repórter mexicana. O porta-voz da instituição, Greg Aiello, logo se apressou em corrigir a gafe assistida por milhões de pessoas. Além das palestras para evitar que o episódio se repita, Aiello fez questão de declarar que considera o ocorrido “inapropriado, ofensivo e sem espaço na Liga”.